Blinken no Médio Oriente para aliviar tensão entre israelitas e palestinianos

por Cristina Sambado - RTP
EPA

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, está no Egito, a primeira etapa de uma visita de três dias ao Médio Oriente, que o leva depois a Jerusalém e a Ramallah, na esperança de aliviar as tensões israelo-palestinianas após uma nova escalada da violência.

Blinken vai deslocar-se esta segunda-feira a Jerusalém, onde se avistará com o primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu. Na terça-feira, vai a Ramallah para manter conversações com o líder palestiniano Mahmud Abbas.

Esta viagem, há muito planeada, surge numa altura em que, em poucos dias, a situação de segurança nos territórios palestinianos ocupados por Israel se deteriorou subitamente.


Na quinta-feira, dez pessoas morreram numa rusga do exército israelita no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada. Naquela que foi uma das operações mais mortíferas nas últimas décadas.

Israel afirmou que tinha como alvos militantes da Jihad Islâmica e, na sexta-feira, atingiu locais da Faixa de Gaza governada pelo Hamas em resposta ao disparo de foguetes a partir do enclave.

Na sexta-feira e no sábado, sete pessoas foram mortas e duas ficaram feridas em ataques em Jerusalém Oriental, a parte palestiniana da Cidade Santa ocupada por Israel e anexada, com um dos ataques a ocorrer perto de uma sinagoga.

Esta segunda-feira, as forças militares israelitas mataram a tiro um jovem palestiniano de 26 anos na cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada. O que eleva para 35 o número de palestinianos mortos por israelitas desde o início do ano.

Perante o aumento da violência, Blinken vai instar o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o presidente palestiniano, Mahmud Abbas, a "tomarem medidas urgentes para conter a violência", como adiantou o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, depois de Washington ter condenado o ataque "terrível" em Jerusalém Oriental.

Na visita a Jerusalém e a Ramallah, Blinken vai sublinhar "a importância de manter o status quo histórico" no complexo da Mesquita de Al-Aqsa, na cidade de Jerusalém Oriental, o terceiro local mais sagrado do Islão e também o mais sagrado do Judaísmo, onde palestinianos e israelitas se confrontam regularmente.
Em janeiro, Itamar Ben-Gvir, um ideólogo de extrema-direita que é o responsável pela segurança no Governo de Netanyahu, realizou uma visita ao Monte do Templo, o que provocou ameaças por parte do movimento palestiniano Hamas.

A visita de Blinken faz parte dos esforços da Administração Biden para se envolver rapidamente com Netanyahu, que regressou ao cargo no final de dezembro, liderando o Governo mais à direita na história de Israel.

O primeiro-ministro israelita há mais tempo em funções teve uma relação intensa com o último presidente democrata, Barack Obama, quando Benjamin Netanyahu tomou abertamente o partido dos seus adversários republicanos contra a diplomacia norte-americana com o Irão.

A recente vaga de violência também deverá estar em cima da mesa no encontro entre Blinken e o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi
.

No Cairo, um importante aliado regional de Washington, o secretário de Estado norte-americano também deverá abordar questões regionais, incluindo a Líbia e o Sudão.

O Egito, um dos principais destinatários da ajuda militar norte-americana, é no entanto regularmente apontado por vários países e instituições e também pelos Estados Unidos, pelo seu historial de violações dos Direitos Humanos, considerado "catastrófico" pelas ONG.

O chefe da diplomacia norte-americana também deverá reunir-se no Cairo com atores da sociedade civil e ativistas dos Direitos Humanos, que recordam constantemente que o país tem mais de 60 mil prisioneiros de consciência.Macron apela à calma
O presidente francês, Emmanuel Macron, também apelou à paz após os últimos episódios de violência entre Israel e a Palestina.

Numa conversa telefónica com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, Macron “recordou a necessidade de se evitar suscetíveis de alimentar a espiral de violência”.

O presidente francês manifestou também a sua “disponibilidade para contribuir para o restabelecimento do diálogo entre palestinianos e israelitas”.
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