Brexit a 31 de janeiro. E não só.

por RTP
Com a vitória de Boris Johnson nas eleições legislativas antecipadas, o Brexit deverá ter lugar, como prometido, a 31 de janeiro de 2020 Reuters

Boris Johnson reeleito primeiro-ministro do Reino Unido, com maioria, significa que o Brexit se irá dar, finalmente, a 31 de janeiro de 2020, dez meses após a data inicial prevista.

Em caso de vitória, Johnson prometeu apresentar ainda antes do Natal, na Câmara de Comuns, a legislação necessária para ratificar o acordo assinado em Bruxelas com os líderes da União Europeia no mês de outubro.

Espera-se que o novo Parlamento seja convocado já para terça-feira, 17 de dezembro, consagrando-se a quinta-feira seguinte, 19 de dezembro, ao Discurso da Rainha, para apresentar o programa legislativo numa cerimónia sem grande protocolo.

Desta forma ficará garantido que o acordo seja aprovado no fim de janeiro, abrindo caminho ao Brexit no último dia desse mês.

Todos os candidatos conservadores assinaram previamente o acordo, pelo que - e ao contrário do que sucedeu com o anterior Parlamento - o primeiro-ministro não deverá enfrentar obstáculos, já que os partidos da oposição não terão deputados suficientes para o derrotar ou modificar.

Boris Johnson, com o aval que queria obter por parte dos britânicos, irá conseguir cumprir a promessa eleitoral de "concretizar o Brexit".
Novos acordos à vista
Depois de 31 de janeiro, o Reino Unido irá entrar num período de transição, durante o qual será negociada a sua nova relação com o bloco europeu a 27.

De acordo com as regras, este período poderá prolongar-se até o fim de dezembro de 2022, mas os conservadores comprometeram-se na campanha a não ultrapassar o fim de 2020.

A maioria dos especialistas económicos considera essa data irrealista. O Reino Unido poderá, assim, enfrentar novamente a possibilidade de um Brexit desordeiro, caso não alcance um novo acordo de comércio com a União Europeia nos próximos 12 meses.

Outro objetivo dos conservadores é conseguir ter, nos próximos três anos, 80 por cento do comércio britânico abrangido por acordos de livre comércio. A prioridade será dada aod Estados Unidos, à Austrália, à Nova Zelândia e ao Japão.
Regras novas para a imigração
Após um encerramento de ano com um PIB estagnado, a economia britânica necessita de ter bases orçamentais com a maior urgência.

O Partido Conservador prometeu apresentar já em fevereiro um Orçamento pós-Brexit, incluindo uma injeção financeira em setores públicos como o Serviço Nacional de Saúde, a Educação e a Polícia.

O ministro das Finanças, Sajid Javid, já disse que irá reescrever as regras fiscais do país, de forma a poder gastar 20 mil milhões de libras extra, por ano, durante a legislatura [cinco anos].

Alterações que incluem quase duplicar os empréstimos para infraestruturas, dos atuais 1.8 para os 3 por cento do PIB.

Também nesta legislatura, a imigração para o Reino Unido deverá conhecer novas regras.

Os conservadores prometeram reduzir em geral os números de imigração e pretendem introduzir um sistema de pontos, baseado no que existe na Austrália e que favorece os imigrantes qualificados versus os não qualificados. Na prática, quem queira emigrar para o Reino Unido terá de ter na sua posse uma oferta de emprego.

O novo sistema irá tratar da mesma forma cidadãos europeus e não europeus.

Haverá ainda esquemas específicos de vistos para os migrantes que ocupem vagas nos serviços públicos ou para os que sejam altamente qualificados em áreas como ciências e tecnologia.
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