A primeira-ministra britânica dá início esta terça-feira, em Belfast, uma série de encontros tendo em vista fazer aprovar, na próxima votação em Westminster, o acordo para o Brexit. Theresa May vai reunir-se, entre outros, com a líder do Partido Democrático Unionista da Irlanda do Norte, que admitiu apoiar o Acordo de Saída, caso a proposta para o mecanismo de salvaguarda de uma fronteira física na ilha da Irlanda seja substituída. No Japão, Merkel garante que ainda há tempo para salvar o Brexit.
A mensagem deverá ser repetida no encontro com os líderes políticos, na quarta-feira de manhã, em Belfast, ao qual deverá comparecer a líder do Partido Democrático Unionista da Irlanda do Norte.
“Vamos reiterar a nossa oposição ao atual mecanismo de salvaguarda e o facto de o Parlamento ter agora apoiado essa posição significa que ela [Theresa May] tem um mandato claro para voltar a Bruxelas”, disse Arlene Foster ao programa de rádio Good Morning Uster, na BBC.
A segunda votação do Acordo de Saída - rejeitado em meados de janeiro por 432 deputados - ainda não está marcada. Fontes de Downing Street referiram a data de 14 de fevereiro, sendo porém possível que se realize na semana seguinte.
Democráticos Unionistas criticam Bruxelas
"A União Europeia deve agora aceitar a necessidade de o Acordo de Saída ser reaberto”, sublinha.
Arlene Foster admite mudar de opinião sobre o Acordo de Saída e votar ao lado de Theresa May, se o dispositivo para evitar uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda for substituído.
O mandato do Parlamento consiste em “substituir o mecanismo de salvaguarda, o atual backstop, que é tóxico para aqueles que como nós vivem na Irlanda do Norte. Se o mecanismo for resolvido no âmbito do Acordo de Saída, apoiaremos a primeira-ministra. Eu não quero ver um cenário de saída sem acordo”, acrescentou.
Arlene Foster deixou outras críticas à posição de Bruxelas sobre o backstop. "Ouvimos muito sobre o seu entendimento do Acordo de Belfast, que eles não querem uma fronteira física na ilha da Irlanda (…) mas estão bastante contentes, aparentemente, com a construção da fronteira entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido, interferindo assim na posição constitucional do Reino Unido", referiu.
Considerando que a solução para evitar uma fonteira física na ilha da Irlanda precisa da colaboração de todos, Arlene Foster garante estar preparada para conversar com Dublin – que é outra etapa possível no périplo de May.
Bruxelas vai escutar proposta de May
"A primeira-ministra disse que o nosso objetivo agora é assegurar uma forma juridicamente vinculativa de garantir que não possamos ficar presos indefinidamente no backstop", afirmou o porta-voz.
Contudo, Michel Barnier admite que o período de transição poderá servir para desenvolver "soluções alternativas".Dialogue @EU27 continues #Brexit. Today in The Hague with @MinPres Mark Rutte: full agreement that Withdrawal Agreement cannot be reopened. Backstop = only operational solution to address Irish border issue today. EU ready to work on alternative solutions during transition. pic.twitter.com/YsCNI10K71
— Michel Barnier (@MichelBarnier) 4 de fevereiro de 2019
Apesar de Theresa May estar determinada a cumprir o prazo de saída, vários ministros indicaram que aceitariam prolongar o Artigo 50 para concluir todo o processo legislativo.
A 52 dias da data de saída do Reino Unido, a chanceler alemã acredita que ainda há tempo para encontrar uma solução para o nó górdio do backstop.
“Do ponto de vista político, ainda há tempo. Este deverá ser utilizado por todas as partes, mas para tal será muito importante saber exatamente o que o lado britânico antecipa em termos da sua relação futura com a União Europeia", declarou Angela Merkel em Tóquio.
Admitindo que o prazo é apertado para as empresas, que precisam de planear com tempo, Merkel destaca a importância do tipo de acordo comercial que o Reino Unido e a União Europeia vão forjar.
Quanto à solução para o backstop, "deveria ser humanamente possível encontrar uma solução para um problema tão preciso, mas isso depende do tipo de acordo comercial que forjamos uns com os outros", argumentou.