Brexit. Novo referendo considerado improvável nas casas de apostas

por Graça Andrade Ramos - RTP
Manifestantes anti-Brexit protestam em Londres junto às Casas do Parlamento, dia 8 de abril de 2019 Reuters

Por quanto mais tempo irá a primeira-ministra britânica, Theresa May, manter-se no poder? Quando se dará o Brexit? E chegará a acontecer? E quanto à fronteira entre as Irlandas, irá regressar? As casas de apostas online no Reino Unido fervilham com estas e outras questões ligadas a esta espécie de novela política em que se tornou o Brexit e que todas as semanas apresenta desenvolvimentos.

Já agora, o Brexit sai ou não sai? E em que termos? E quais são as hipóteses de se realizar um novo referendo sobre a permanência ou não do Reino Unido na União Europeia?

De acordo com o Oddschecker, que agrega os dados de quase 30 sites de apostas, a maioria dos apostadores, 64 por cento, tenta ganhar algum com a possibilidade de um segundo referendo sobre o Brexit.

Assim apostam, apesar das probabilidades favorecerem o cenário de que o povo britânico não voltará a ser consultado.

Outras apostas preferidas são a de que se irá dar um Brexit desordenado, e a convição de que May irá finalmente bater com a porta antes do fim de 2019.

Para lhe suceder na liderança do Governo, com alguma incerteza, os apostadores escolhem Jeremy Corbyn primeiro e Boris Johnson em segundo. Também este último se posiciona bem, naturalmente, nas apostas sobre quem será o próximo líder do Partido Conservador.

Já sobre o regresso de uma fronteira física entre as Irlandas, apesar das diferentes probabilidades em cada caso, "não" e "sim" equilibram-se nas apostas.
Novo referendo
O segundo referendo sobre o Brexit está com probabilidades de 9/5. Se ganharem, por cada cinco libras investidas, os apostadores irão assim receber mais nove.

Os outros 36 por cento dos apostadores, que preferem o “não”, enfrentam probabilidades de 4/9. Ganhos substancialmente menores, já que este é um cenário que parece mais provável.

A data do Brexit apresenta mais incertezas. A maioria dos apostadores distribui-se por uma miríade de possibilidades. Já a saída entre abril e junho de 2019, com probabilidades de 9/4, é a escolha de pouco mais de 26 por cento dos apostadores.

A aposta seguinte, mais atraente para 22,77 por cento dos apostadores, é a de não suceder Brexit antes de 2022, uma hipótese que lhes dá atualmente 5/2.

Já a saída entre abril e dezembro deste ano dá probabilidades de 6/5 e atrai menos de nove por cento das apostas.
Brexit com ou sem acordo? Sem
Para 20 por cento dos apostadores aproxima-se a data do tira-teimas. Apostaram num Brexit sem acordo antes de 13 de abril próximo. Uma hipótese que rende agora cinco libras por cada uma investida.

A eventualidade de se dar uma saída desordenada é a preferida de 56 por cento dos apostadores. Com probabilidade relativa de ocorrer, neste momento está também a 5/1.

A seguir surge a hipótese de o Brexit não ser desordenado, e suceder após a ratificação do acordo negociado pela primeira-ministra, Theresa May, sendo o artigo 50 estendido para além de 2019 ou revogado.

A convicção de que a revogação do artigo 50 vai ocorrer é expressa aliás por 76 por cento dos apostadores. As probabilidades estão a 5/2.
May sai em 2019

Os apostadores britânicos estão ainda convictos de que May deixará de ser primeira-ministra ainda este ano.

As probabilidades de ganhar alguma coisa nessa aposta são, por isso, ínfimas. Estão a 1/10, ou seja, por cada 10 libras apostadas ganha-se uma. Mas, como a probabilidade é considerada muito certa, 58,42 por cento dos apostadores escolhem esta opção.

No polo oposto dos ganhos, 10/1, está a hipótese de May chegar a 2020 à frente dos destinos da Grã-Bretanha. Na verdade, isso irá surpreender muita gente, provavelmente os próprios apostadores (4,95 por cento do total), que poderão ganhar uma boa maquia.

A mesma percentagem aposta que a líder do Partido Conservador não irá sair antes de 2022. Nesse cenário, neste momento, ganhariam 25 libras por cada uma investida.
E para PM, Corbyn ou Johnson?
Quanto a quem irá substituir Theresa May como próximo chefe de Governo, Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, lidera a lista. Quase 40 por cento (37,78) dos apostadores escolhem esta hipótese.

O destino de Corbyn é, apesar de tudo, incerto. As probabilidades dele suceder a Theresa May estão a 15/2.

Logo a seguir, o conservador, brexiteer e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Theresa May, Boris Johnson recolhe pouco mais de 13 por cento das apostas, oferecendo atualmente 5/1 de probabilidades.

A hipótese mais improvável da lista chama-se Jacob Rees-Mogg, um eurocético e defensor do Brexit, apontado por alguns como possível sucessor de May à frente do Partido Conservador.

Atualmente, poucos acreditam que chegue a primeiro-ministro, de tal forma que se oferecem atualmente 50/1 em termos de probabilidades.
O líder conservador que se segue
E por falar em sucessões no Partido Conservador, a divisão dos apostadores marca a ordem do dia. Também aqui, ninguém sabe o que quer, e a maioria dos apostadores, 52,17 por cento, congrega-se em escolhas de nomes pouco conhecidos.

Boris Johnson e Rees-Mogg dividem entre si o mesmo número de apostadores. Mas isso muda inteiramente quanto aos possíveis ganhos com a respetiva eleição. A escolha por Boris Johnson, considerado o mais provável sucessor, oferece 9/2. Já Rees-Mogg, dá a ganhar 40/1.

Dominic Raab e Michael Gove estão muito próximos, tanto em termos de probabilidades de ascenderem a líder do Partido Conservador (8/1 e 6/1 respetivamente), como no número de apostadores que os escolhem como hipótese, 7,61 por cento em ambos os casos.

Andrea Landsom, atual presidente do grupo parlamentar conservador, também surge com poucas hipóteses de suceder a May e, neste momento, apostar nela rende 25 libras por cada uma apostada. Poucos apostadores tentam a sua sorte com ela, menos de sete por cento (6,52).

Caso curioso é o do regresso da fronteira física entre as Irlandas. Os apostadores dividem-se 50 por cento para cada lado, mas a probabilidade do regresso desta fronteira é atualmente considerada mínima.

Daí que, enquanto o regresso dá ganhos de 4/1, a manutenção da atual conjuntura rende uma libra por cada sete investidas.
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