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Cavaco espera que CPLP semeie Direitos Humanos na Guiné Equatorial

por Carlos Santos Neves, RTP

Foto: Paulo Novais, Lusa

Cavaco Silva admitiu esta quarta-feira que a delegação portuguesa foi surpreendida pelo anúncio antecipado da adesão da Guiné Equatorial à CPLP, mas desvalorizou a "incidência protocolar". Na conferência de imprensa que se seguiu à X Cimeira da Comunidade, em Díli, o Presidente da República manifestou a esperança de que o processo venha a "contribuir" para o advento dos Direitos Humanos no país governado com mão de ferro por Teodoro Obiang.

"A lógica isolacionista de um Estado nunca conduziu ao aprofundamento da democracia nem à melhoria do respeito pelos Direitos Humanos e por isso penso que o acolhimento da Guiné Equatorial, depois de a CPLP em várias missões de observação ter reportado avanços na aplicação do roteiro de adesão, é a melhor forma de contribuir, por parte de todos os Estados-membros, para a melhoria do respeito pelos Direitos Humanos naquele país e para a criação de instituições verdadeiramente democráticas", argumentou Cavaco Silva, quando questionado sobre o que o levou a anuir ao processo de adesão do regime de Obiang.Por sua vez, Pedro Passos Coelho quis ressalvar o papel de Portugal para a assinatura de uma moratória à pena de morte naquele país africano.

O Presidente da República alegou ainda que "Portugal, sendo o antigo poder colonial, terá sempre muita dificuldade em isolar-se face à vontade de todos os outros Estados-membros".

Na abertura da Cimeira de chefes de Estado e de governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, o protocolo timorense chamou à tribuna o Presidente da Guiné Equatorial, dando o país como membro de pleno direito da organização.

"Fomos surpreendidos. Mas o que nós queríamos, acima de tudo, era ajudar Timor-Leste para que esta Cimeira fosse um sucesso e Portugal deveria ter sempre em mente no seu comportamento e nas suas atitudes quão importante era o sucesso desta cimeira para Timor", reconheceu Cavaco.
"Incidência protocolar"

O primeiro-ministro capitalizou as palavras do Presidente: "Creio que não há nenhuma necessidade de estar a hipervalorizar um aspeto de incidência protocolar".

"Nós atribuímos importância às questões de natureza protocolar, evidentemente, mas, como o senhor Presidente aqui referiu, não quereríamos com certeza, do nosso lado, um outro incidente protocolar que criasse uma dificuldade grande a quem está a gerir os trabalhos e tem a presidência da Cimeira", continuou Passos.

"Ficou muito claro, em todo o caso, que uma decisão só foi adotada após uma discussão importante que foi realizada entre os chefes de Estado e de governo e que foi justamente motivada por uma intervenção do senhor Presidente da República Portuguesa", rematou.
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