Foto: Paulo Novais, Lusa
Cavaco Silva admitiu esta quarta-feira que a delegação portuguesa foi surpreendida pelo anúncio antecipado da adesão da Guiné Equatorial à CPLP, mas desvalorizou a "incidência protocolar". Na conferência de imprensa que se seguiu à X Cimeira da Comunidade, em Díli, o Presidente da República manifestou a esperança de que o processo venha a "contribuir" para o advento dos Direitos Humanos no país governado com mão de ferro por Teodoro Obiang.
O Presidente da República alegou ainda que "Portugal, sendo o antigo poder colonial, terá sempre muita dificuldade em isolar-se face à vontade de todos os outros Estados-membros".
Na abertura da Cimeira de chefes de Estado e de governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, o protocolo timorense chamou à tribuna o Presidente da Guiné Equatorial, dando o país como membro de pleno direito da organização.
"Fomos surpreendidos. Mas o que nós queríamos, acima de tudo, era ajudar Timor-Leste para que esta Cimeira fosse um sucesso e Portugal deveria ter sempre em mente no seu comportamento e nas suas atitudes quão importante era o sucesso desta cimeira para Timor", reconheceu Cavaco.
"Incidência protocolar"
O primeiro-ministro capitalizou as palavras do Presidente: "Creio que não há nenhuma necessidade de estar a hipervalorizar um aspeto de incidência protocolar".
"Nós atribuímos importância às questões de natureza protocolar, evidentemente, mas, como o senhor Presidente aqui referiu, não quereríamos com certeza, do nosso lado, um outro incidente protocolar que criasse uma dificuldade grande a quem está a gerir os trabalhos e tem a presidência da Cimeira", continuou Passos.
"Ficou muito claro, em todo o caso, que uma decisão só foi adotada após uma discussão importante que foi realizada entre os chefes de Estado e de governo e que foi justamente motivada por uma intervenção do senhor Presidente da República Portuguesa", rematou.