Os serviços secretos norte-americanos têm a gravação de uma chamada telefónica em que o Príncipe Herdeiro Mohammed bin Salman deu instruções para “silenciar Jamal Khashoggi o mais rápido possível”, avança o jornal turco Hurriyet Daily News. Federica Mogherini defendeu que devem prestar contas todos os que são “verdadeiramente responsáveis” pela morte do jornalista.
A representante da diplomacia europeia considerou que uma investigação transparente e credível à morte do jornalista saudita, crítico do cunho impresso pelo príncipe herdeiro ao regime, ainda está por completar.
Federica Mogherini defendeu que devem prestar contas todos os que são “verdadeiramente responsáveis” pela morte do jornalista.
O ministro saudita dos Negócios Estrangeiros já disse que o reino não aceita uma investigação externa.
As declarações da italiana Federica Mogherini foram feitas numa conferência de imprensa conjunta com o comissário europeu com a pasta do Alargamento e com o ministro turco dos Negócios Estrangeiros.
O porta-voz do Presidente turco admite que Recep Tayyip Erdogan poderá encontrar-se com Mohammed bin Salman durante a participação na cimeira G20, na Argentina, no final do mês. “Estamos a analisar a agenda. Poderá acontecer”, afirmou Ibrahim Kalin, citado pela agência estatal Anadolu.
“Silenciar Jamal Khashoggi o mais rápido possível”
O jornal turco Hurriyet Daily News avança que a CIA tem uma gravação de uma conversa telefónica em que o príncipe herdeiro manda "silenciar Jamal Khashoggi o mais rápido possível", escreveu o colunista Abdurkadir Selvi, que não identifica as fontes.
De acordo com o jornal, na gravação da CIA, os dois falam sobre o “desconforto” criado pelas críticas públicas do jornalista à administração do reino.
Depois, o príncipe diz que “deu uma instrução para silenciar Jamal Khashoggi o mais rápido possível”, sendo “o assassinato subsequente a confirmação final dessa instrução ”, refere Selvi. Segundo o colunista turco, uma investigação internacional sobre o assassinato, se aberta,“pode revelar mais evidências espantosas, já que a CIA tem mais escutas de telefonemas”.
Jamal Khashoggi, a viver nos Estados Unidos desde 2017, era um colunista do jornal The Washington Post e um destacado crítico do príncipe Mohammed.
Bruxelas preocupada com elevado número de jornalistas detidos na Turquia
Os comissários europeus afirmaram ainda estarem preocupados com o elevado número de jornalistas e académicos que estão detidos na Turquia.
Federica Mogherini disse esperar que um dos principais opositores ao Presidente Erdogan, o curdo Selahattin Demirtas, detido há dois anos, seja libertado em breve.
A posição da Comissão secunda a do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, que pediu esta semana à Turquia que ponha fim à prisão preventiva de Demirtas. Uma decisão que Erdogan já anunciou não tencionar respeitar, alegando falta de vínculo de Ancara.
Ao sublinhar a importância da Turquia para a Europa, Mogherini também expressou sua preocupação com a prisão, na semana passada, de académicos próximos do empresário Osman Kavala, preso há mais de um ano na Turquia.
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