Khashoggi. Pedida pena de morte para cinco suspeitos de homicídio

por Carlos Santos Neves - RTP
O jornalista Jamal Khashoggi foi assassinado a 2 de outubro no interior do consulado saudita em Istambul Osman Orsal - Reuters

A Procuradoria saudita requereu esta quinta-feira a condenação à pena de morte de cinco dos 11 suspeitos indiciados por alegado envolvimento no assassínio de Jamal Khashoggi. A acusação dá como provado que o jornalista saudita recebeu uma injeção letal e foi desmembrado no interior do consulado do seu país em Istambul, na Turquia.

Jamal Khashoggi, voz crítica do regime saudita, foi assassinado no complexo do consulado do reino em Istambul. Na sequência de um confronto físico, foi-lhe administrada uma injeção letal. O corpo foi depois desmembrado e retirado do edifício. É assim que a Procuradoria saudita resume os acontecimentos de 2 de outubro.

Ainda de acordo com a acusação, o assassínio do colunista do jornal norte-americano The Washington Post foi perpetrado após o fracasso de supostas “negociações” tendo em vista o seu regresso a Riade.
O paradeiro dos restos mortais do jornalista continua por apurar.

A ordem para a execução sumária terá partido do número um da equipa enviada a Istambul para concretizar o repatriamento.

“O procurador público pediu a pena de morte para cinco indivíduos que estão acusados de ordenar e cometer o crime e sentenças apropriadas para outros indivíduos indiciados”, revelou esta quinta-feira o vice-procurador saudita Shaalan al-Shaalan, sem nomear os acusados.

As autoridades sauditas indiciaram 11 dos 22 suspeitos identificados desde outubro. Mas as investigações prosseguem, pelo que o número de acusados pode aumentar, admitiu o porta-voz da Procuradoria.

Shaalan al-Shaalan indicou também ter sido imposta a proibição de viajar a Saud al-Qahtani, um próximo do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. Este ex-assessor - entretanto afastado das suas funções - ter-se-á reunido com a equipa incumbida de repatriar o jornalista antes da viagem para Istambul.
Explicações "insuficientes"

Nas semanas que se seguiram à notícia do desaparecimento de Khashoggi, o regime de Riade desdobrou-se em explicações contraditórias, até finalmente reconhecer que o jornalista foi assassinado. O caso deixou o reino exposto a eventuais sanções internacionais e degradou a imagem do príncipe herdeiro.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, não hesitou em afirmar publicamente que a morte de Jamal Khashoggi foi ordenada “ao mais alto nível” do Governo da Arábia Saudita. Outras vozes turcas, a coberto do anonimato, apontaram ao próprio Salman.

Ancara afiança ter em mãos uma gravação captada no consulado, que terá sido partilhada com aliados ocidentais e pelo menos um elemento dos serviços de informações sauditas. Erdogan classificou-a como “aterradora”. E o agente saudita terá ficado chocado, segundo a imprensa turca.

Numa primeira reação à posição da Procuradoria saudita, o ministro turco dos Negócios Estrangeiros veio considerar “insuficientes” as explicações de Riade, insistindo na tese de um homicídio premeditado.

“Todas estas medidas são certamente positivas, mas são também insuficientes”, frisou Mevlut Cavusoglu. “Esta morte, como já o dissemos, foi planeada antecipadamente”, rematou.

c/ agências internacionais
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