Dois sauditas, especialistas na limpeza de cenas de crime, terão sido enviados para o consulado da Arábia Saudita em Istambul, dias depois do assassínio do jornalista Jamal Khashoggi, cujo corpo permanece desaparecido mais de um mês após a sua morte.
"Pensamos que este dois indivíduos tenham vindo à Turquia com o único objetivo de apagar as provas do assassínio de Jamal Khashoggi antes da polícia turca ser autorizada a fazer buscas no local", afirmou um alto responsável turco citado pela Agência France Presse, sob anonimato.
A mesma fonte confirmou as informações publicadas pelo jornal. De acordo com o Sabah, os dois homens deixaram a Turquia dia 20 de outubro, após várias visitas ao consulado e à residência do cônsul saudita em Istambul.
O jornalista saudita, editorialista do jornal norte-americano Whashington Post, era severamente crítico do Governo da Arábia Saudita. Foi assassinado dia 2 de outubro, no consulado saudita em Istambul, onde tinha ido tratar de assuntos administrativos.
As autoridades turcas acreditam que ele foi morto por estrangulamento mal entrou no consulado e que o seu corpo foi depois desmembrado. Um conselheiro do Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, disse sexta-feira passada que se admitia que o corpo tivesse sido dissolvido em ácido.
O assassínio e desaparecimento de Khashoggi provocaram a indignação internacional, com muitos países a ameaçar suspender a venda de armas à Arábia Saudita. Há ainda suspeitas que o príncipe herdeiro, Mohammed ben Salmane, conhecido como implacável com os seus inimigos, tenha sido o mandante direto do crime.
Numa carta publicada no Washington Post, o Presidente Erdogan acusou "os mais altos níveis do Governo saudita" de ter encomendado a morte de Khashoggi, excluindo contudo o Rei Salman.
Riade começou por negar o assassínio, depois, quando os serviços de informação turcos publicaram provas gravadas, falou de um "briga" dentro do consulado que tinha corrido mal, avançando depois com diversas outras versões. Afirma estar agora a investigar o assassínio.