Khashoggi. Assassínio foi "premeditado", diz procurador saudita

Numa declaração oficial publicada em Riade, o procurador-geral da Arábia Saudita reconheceu esta quinta-feira que, com base nas informações fornecidas pela Turquia, os suspeitos acusados do assassínio do jornalista saudita Jamal Khashoggi cometeram um ato "premeditado".

RTP /
Reuters

O inquérito prossegue, acrescentou.

Khashoggi, de 60 anos, colunista do jornal Washington Post e crítico do Governo saudita, entrou dia 2 de outubro no consulado daquele país em Istambul, para tratar de papéis do seu casamento.

O seu assassínio foi gravado pelos serviços de informação turcos. O seu corpo continua sem ser encontrado e admite-se que tenha sido desmembrado.

O procurador-geral saudita admitira a 19 de outubro que o jornalista tinha morrido durante uma luta dentro do consulado.

A Arábia Saudita começou por negar o caso mas acabou por reconhecer que se tratou de um "assassínio" e de um "erro tremendo". Os termos foram empregue domingo dia 21 de outubro pelo ministro saudita dos Negócios Estrangeiros. Adel al-Jubeir saiu a público para afiançar que serão erguidas "todas as pedras" em busca de "todos os factos".

A morte do jornalista, afiançou então o governante, foi o resultado de uma operação conduzida sem a cobertura da cúpula do regime. Antes, Riade tinha afirmado que Khashoggi saíra do consulado "pelo próprio pé" e depois que a sua morte tinha sido "um acidente" durante um interrogatório.

Dezoito suspeitos estarão envolvidos no assassínio e um morreu entretanto num desastre rodoviário. Dois altos funcionários sauditas foram também demitidos.
Turquia descarta investigação internacional
O Ocidente exige explicações. Mas o Governo turco afasta a necessidade do assassínio do jornalista saudita Jamal Khashoggi ser alvo de uma investigação internacional, como propõe a ONU.

O ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Mevlut Cavusoglu, afirmou ao canal de televisão NTV, que Ancara não considera necessário um tal inquérito mas admite também que, caso dos tribunais internacionais assim o decidam, irá partilhar todos os elementos de prova que entretanto recolha.

"De acordo com a Convenção de Viena, o território do Consulado Geral pertence à jurisdição da Arábia Sauditra. Mas sob a mesma convenção, localiza-se dentro da Turquia, por isso a investigações deverá desenrolar-se sob a lei turca, e o nosso Presidente já o afirmou. Mas não há necessidade de uma investigação internacional e não existe essa intenção. Deveria ser conduzida e está a ser conduzida sob a lei turca", disse Cavusoglu.

O ministro turco lembra que há muitas questões por responder.

"O seu corpo ainda não foi encontrado. Se se admite que foi um assassínio, porque e que não dizem onde está o corpo? Não há só um aspeto criminal mas também um aspeto humanitário, porque a família está a espera", questionou.

Organizações de defesa dos Direitos Humanos exigiram entretanto a Riade que levante a alegada proibição de sair da Arábia Saudita imposta à família de Khashoggi. Denunciam também o encontro em que o Rei e o príncipe herdeiro sauditas terão apresentado condolências ao filho do jornalista, o qual terá sido "forçado".
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