Clima. “Não há Portugal B e não há planeta B”, diz Marcelo

por RTP
"Fomos os primeiros a comprometer-nos a ser neutros em carbono até 2050", destacou o Presidente português Justin Lane - EPA

Marcelo Rebelo de Sousa prepara-se para discursar esta terça-feira perante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, depois de na véspera ter pedido, durante a Cimeira da Ação Climática, urgência no combate global às alterações climáticas, lembrando que “não há planeta B” e que Portugal foi o primeiro país a comprometer-se a ser neutro em carbono até 2050.

“Já se perdeu demasiado tempo. A complacência e a indiferença já não são toleráveis”, considerou o Presidente da República na segunda-feira durante o seu discurso na Cimeira da Ação Climática da ONU, que contou com a presença de 193 líderes políticos de todo o mundo.

Nós fomos os primeiros a comprometer-nos a ser neutros em carbono até 2050, adotando e implementando o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 como estratégia de longo prazo para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, que apresentámos com um ano de avanço”, destacou Marcelo Rebelo de Sousa.O Presidente da República vai esta terça-feira discursar, pela terceira vez, na 74.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.

“E por uma simples razão: porque não há Portugal B e não há planeta B”, acrescentou, passando depois a apresentar o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 aprovado em Conselho de Ministros em junho deste ano.

O chefe de Estado português explicou que a neutralidade carbónica até 2050 será alcançada “através da total descarbonização do sistema eletroprodutor e da mobilidade urbana e através do reforço da capacidade de sequestro de carbono pelas florestas e por outros usos do solo”.
Portugal como exemplo
"O ano 2050 é amanhã, mas a próxima década é crítica. Por isso, reforçámos a nossa ambição para 2030 com o objetivo de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 50 por cento em comparação com 2005, atingir uma meta de eficiência energética de 35 por cento, e ter 80 por cento da eletricidade gerada por fontes de energia renovável, incluindo uma total eliminação do carvão", salientou.

O Presidente da República referiu que Portugal já alcançou 54 por cento de energias renováveis na produção elétrica, impôs uma taxa de carbono, começou a eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis e está a reparar a degradação dos ecossistemas marinhos.

"O nosso objetivo é a neutralidade carbónica até 2050, envolvendo a sociedade civil, o setor privado, preservando os habitats naturais e a biodiversidade e criando emprego", resumiu, acrescentando: "Cabe-nos a nós, líderes políticos, dar o exemplo".

Foi o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, quem convocou a cimeira sobre o clima, para que os participantes pudessem apresentar planos concretos para cumprir os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris.

Marcelo Rebelo de Sousa elogiou, no início da sua intervenção, Guterres pela sua “liderança visionária” marcada pelo “desafio crucial das alterações climáticas” e pela “sensibilização e ativismo dos jovens”.
“A década mais exigente”
O ministro português do Ambiente apresentou na segunda-feira aos parceiros internacionais em Nova Iorque o Roteiro para a Neutralidade Carbónica e, no final, realçou que a próxima década é "a mais exigente" nas medidas de ação climática.

"A próxima década é a década mais exigente" para que Portugal chegue a 2030 com uma redução em 50 por cento das emissões de carbono e com 80 por cento da eletricidade a ser fornecida a partir de fontes renováveis, disse João Pedro Matos Fernandes na ONU.

O governante disse ainda que a meta portuguesa está para além do pedido do secretário-geral da ONU, António Guterres, para a redução de emissões em 45 por cento até 2030, colocando Portugal numa posição de liderança.

"Somos um país que lidera no mundo", considerou João Matos Fernandes, acrescentando que a neutralidade carbónica vai contribuir para o bem-estar dos portugueses, além de dar prestígio acrescido ao nome do país, por ser um compromisso internacional em grande escala.

c/ Lusa
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