"Coletes amarelos" em protesto pela quinta semana consecutiva

por RTP
Momentos de tensão em Paris ao início da tarde de sábado Benoit Tessier - Reuters

O dia de sábado ficou marcado por mais um protesto dos “coletes amarelos” que se repercutiu em várias cidades francesas. Na capital, houve mesmo confrontos e momentos de tensão junto aos Campos Elísios. Ainda assim, o quinto protesto do movimento de contestação às políticas do Governo francês revelou uma menor mobilização em relação às últimas semanas.

A mancha humana no centro de Paris foi esta semana bastante inferior ao que tem sido registado desde novembro, com o início da mobilização dos “coletes amarelos”, um movimento iniciado nas redes sociais que se opõe ao aumento de impostos e à perda de poder de compra por parte dos cidadãos.  

O Ministério francês do Interior calcula que se tenham manifestado cerca de 33.500 pessoas em todo o país, bem abaixo das mais de 130 mil pessoas que protestaram nos dias 1 e 8 de dezembro.  



De acordo com os últimos dados divulgados pelo ministério francês do Interior, houve sete feridos entre os coletes amarelos, que deram entrada nos hospitais de Paris. Também um polícia ficou ferido com alguma gravidade em Nantes.

Segundo estes dados, houve no protesto de hoje pelo menos 168 interpelações em Paris, das quais resultaram 157 detenções. Os detidos serão presentes a juiz nos próximos dias até à próxima terça-feira.

Um dos detidos tinha na mochila uma arma de fogo, tendo sido detido na Praça Vendôme, uma dos principais pontos de referência da capital francesa. Neste momento todas as estações de metro já foram reabertas.

Entretanto, a polícia de Paris confirmou que houve hoje “2.500 manifestantes” nas ruas da capital, em contraste com os dez mil manifestantes contabilizados na passada semana.  

Apesar de uma menor mobilização, o início da tarde ficou marcado por novos confrontos entre a polícia e os manifestantes junto à Avenida dos Campos Elísios.  

As forças de segurança mobilizadas para garantir a ordem nas manifestações – 8.000 polícias e 14 blindados foram destacados só para as principais artérias da cidade de paris – chegaram mesmo a ser apedrejadas por alguns elementos dos "coletes amarelos", a que responderam com tiros de balas de defesa, canhões de água e ainda granadas de gás lacrimogéneo.  

Não obstante estes confrontos, o grau de violência dos protestos deste sábado não se aproximou do que foi registado nas últimas semanas um pouco por todo o país e sobretudo no coração da capital francesa. Desta vez não houve carros incendiados ou lojas vandalizadas, como contava ao final da tarde a correspondente da RTP em Paris, Rosário Salgueiro.



De destacar que este foi o primeiro protesto dos “coletes amarelos” após o discurso de Emmanuel Macron ao país. O Presidente francês procurou responder às várias exigências do movimento e anunciou uma subida de 100 euros no salário mínimo nacional, sem responder no entanto às exigências quanto ao imposto sobre as fortunas. 

Já na semana anterior, o chefe de Estado tinha anunciado a suspensão, por um ano, do aumento do imposto sobre os combustíveis que esteve na génese destas grandes manifestações. 

A menor mobilização dos manifestantes poderá também ter sido consequência dos sucessivos apelos do Governo e da classe política para que não se realizassem os protestos depois do atentado em Estrasburgo, na última terça-feira.

O ataque jihadista ocorrido naquela cidade francesa, junto ao mercado de Natal, provocou quatro vítimas mortais. 
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