Comunicações não pertenciam ao submarino ARA San Juan

por RTP
Cartaz que diz "Argentinos, sejam fortes" no Mar del Plata, o local em que a embarcação partiu na passada quarta-feira Marcos Brindicci - Reuters

As comunicações por satélite realizadas no sábado não foram feitas pela tripulação do submarino ARA San Juan, concluiu a marinha argentina. O navio desapareceu há seis dias, tendo sido visto pela última vez quando zarpou do porto de Mar del Plata.

O porta-voz da Armada da Argentina, Enrique Balbi, referiu que no sábado foram emitidos sete sinais, de baixa frequência, através de comunicação por satélite, que se supunham ter partido do submarino, o que não se confirmou.
Esta confirmação de que a comunicação não pertence ao navio diminui a possibilidade de o encontrar.
Emitido o relatório da empresa que analisou os sons, chegou-se ao parecer de que as "sete tentativas de contacto não correspondem ao submarino", confirmou Enrique Balbi à agência Reuters.

Os sons que foram emitidos não são ferramentas a baterem contra o casco do submarino, como se suspeitou inicialmente. O militar explicou que os sinais devem ser de origem biológica, ou seja, da vida marinha ou do oceano.

Foram registados sinais a "360 quilómetros da costa argentina, onde a profundidade é de 200 metros". Esses sinais foram detetados no trajeto que o submarino "devia fazer para retornar à base", daí a suspeita de que seriam do San Juan.

Antes de ser dado como desaparecido, o navio reportou uma avaria na última comunicação que realizou na quarta-feira.

Desde então as operações de busca pelo ARA San Juan ganharam dimensão internacional, como fez notar o ministro da Defesa da Argentina, Oscar Aguad, ao agradecer a Chile, Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, Colômbia, Uruguai e Peru pela procura do submarino, na sequência de um pedido de ajuda.
Procura pelo submarino
O diretor de segurança internacional do Instituto Internacional de Polícia de Sydney, Euan Graham, referiu à CNN que é difícil encontrar um submarino projetado para não ser encontrado. E que, quando isso acontece, é o barulho que o motor faz ou o sonar ativo que possibilitam encontrar o submarino.O ARA San Juan fez uma revisão no navio em 2014 com o objetivo de ampliar a vida útil por mais 30 anos.

Peter Layton, convidado da Universidade de Griffith, na Austrália, explicou que, se o submarino se tiver afundado mas estiver intacto, os marinheiros têm cerca de uma semana a dez dias de oxigénio, mas que há outros fatores associados que tornam as previsões imprecisas, tais como a última vez que recarregaram as baterias, há quanto tempo refrescaram o ar e o que está dentro do navio.

Esta terça-feira são completados seis dias de uma previsão com um máximo de dez para a sobrevivência dos tripulantes, em caso de não existir nenhuma avaria.

O facto de o mar ter ondas entre seis e oito metros também não está a ajudar na procura pelo San Juan, ou no caso de o comandante querer vir ao de cima com o submarino.

Mais de uma dezena de barcos de várias nacionalidades encontram-se a ajudar na procura pelo submarino.Falha técnica

O capitão do ARA San Juan reportou uma avaria técnica nas baterias do submarino na quarta-feira, como se estivesse a ser criado um "curto-circuito", confirmou a marinha argentina.

Quando o sinal em terra foi recebido o comandante foi avisado que deveria "alterar a rota e regressar à base naval de Mar del Plata" , explicou o comandante da Armada Gabriel Galeazzi.

O Papa Francisco, que é argentino, enviou uma mensagem de que os seus pensamentos estão com os 44 tripulantes do ARA San Juan: "Rezo pelos membros do submarino militar argentino que está desaparecido".
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