Conte. Fundo da concessionária da ponte de Génova deve ser quatro ou cinco vezes superior

por Ana Sofia Rodrigues - RTP
Stefano Rellandini - Reuters

O primeiro-ministro italiano considera que que o montante de 500 milhões que a concessionária do viaduto que colapsou em Génova prometeu reservar deveria ser multiplicado por quatro ou cinco, tendo em conta os lucros que já teve. Em entrevista ao Corriere della Sera, Giuseppe Conte revela que está a trabalhar para a aplicação de multas à empresa e que já recebeu propostas de outras entidades para a reconstrução da ponte. O desastre fez mais de 40 mortos.

A empresa responsável pelo viaduto, a Autostrade per l’Italia, filial da Atlantia, anunciou no fim de semana um fundo de 500 milhões de euros para ajudar as famílias e reconstruir a infraestrutura. Um montante que o primeiro-ministro considera demasiado “modesto em comparação com os lucros obtidos ao longo dos anos. Poderiam quadruplicá-lo ou quintuplicá-lo”.

Para Giuseppe Conte, esses valores são vistos pelo Executivo como um mera “compensação parcial, sem prejuízo do procedimento iniciado para o término da concessão”. O primeiro-ministro revelou que já teve proposta alternativas à Atlantia para reconstruir a estrutura.

O chefe de Governo adianta que estão a ser preparadas penalizações à concessionária responsável pelo viaduto que caiu. “Esse processo está na minha mala e tem viajado comigo nos últimos dias”, revelou na entrevista ao Corriere della Sera.

Questionado sobre a insistência do Executivo em revogar a concessão sem esperar o resultado da investigação, o primeiro-ministro garante que o “procedimento legal” iniciado dará a possibilidade à empresa de se defender e responder.

“Para aqueles que invocam o Estado de Direito onde se encontram meras razões económicas, não respondo: somos confrontados com uma clara hipocrisia. Para aqueles que pensam que o único objetivo de uma empresa é distribuir dividendos aos seus acionistas, eu respondo: você foi deixado para trás, uma empresa deve assumir uma "responsabilidade social" mais complexa”, acrescenta. Conte classifica mesmo os benefícios económicos obtidos pela concessionária como “exorbitantes”.

Giuseppe Conte não revela se a nacionalização da rede de concessões do setor é o caminho a seguir. "Vamos avaliar cuidadosamente a melhor maneira de satisfazer o interesse público. É certamente necessário encontrar uma alternativa à má privatização e a um sistema de concessão mal construído”, garante.

Conte garante que repetiria a frase de que “não podemos esperar pelos tempos da justiça criminal”, garantindo que os trilhos da lei vão ser seguidos, enveredando pelo plano do direito civil e administrativo para defender os interesses dos cidadãos.

O desabamento da estrutura aconteceu na passada terça-feira. Cerca de uma centena de metros da ponte colapsaram, provocando a morte a mais de quarenta pessoas e provocando centenas de desalojados.
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