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Corrida global à vacinação contra a Covid-19. Israel lidera, União Europeia muito atrás

por Andreia Martins - RTP
Em Israel, metade da população estará vacinada dentro de quatro semanas. À velocidade atual, Portugal irá precisar de mais 11 meses para vacinar metade da população. Yara Nardi - Reuters

Mais de um mês depois da aprovação das primeiras vacinas contra a Covid-19, há um país que se destaca do resto do mundo na velocidade com que está a inocular a sua população. Em poucas semanas, Israel já conseguiu vacinar 30 por cento da população pelo menos com a primeira dose. Nos Estados Unidos, apenas seis por cento da população está imunizada de alguma forma, mas a União Europeia surge ainda mais atrás nesta corrida mundial à vacinação.

Desde o início de 2021, há uma pessoa no mundo a ficar infetada com Covid-19 a cada sete segundos. O mês de janeiro tem sido particularmente difícil, nomeadamente em Portugal, com números cada vez mais significativos e a pressão sobre os hospitais a subir. De acordo com o site Our World in Data, Portugal é o país com a maior média mundial por milhão de habitantes de novos casos e de óbitos nos últimos sete dias.

Com mais de 100 milhões de casos (1,3 por cento da população) registados a nível global desde o início da pandemia e 2,1 milhões de mortos, todos os olhos estão postos na vacinação. Numa altura em que a situação sanitária se agrava, a velocidade de inoculação da população decorre lentamente no mundo desenvolvido e há países em desenvolvimento em que a vacinação ainda nem sequer começou.

Neste campo, Israel lidera com larga vantagem a corrida à vacinação, tendo já inoculado quase um terço da população de nove milhões de pessoas pelo menos com uma primeira dose. A esta velocidade, o país devera conseguir vacinar metade da população dentro apenas quatro semanas, estima o jornal The New York Times com base nos dados disponibilidados no site Our World in Data.  



Em Portugal, por exemplo, serão necessários cerca de mais 11 meses para que metade da população tenha recebido pelo menos uma dose de inoculação. Em Itália, à velocidade atual, serão necessários mais 59 meses para que a vacina chegue a metade da população.

Quando grande parte das nações ainda no arranque da vacinação, dá prioridade aos idosos ou doentes com comorbilidades, Telavive já começou a vacinar adolescentes entre os 16 e os 18 anos de forma a garantir toda a segurança nos exames escolares de acesso ao ensino superior.

Ainda assim, o país não fica isento de críticas, uma vez que o plano nacional de vacinação exclui os palestinianos nos territórios da Cisjordânia e Faixa de Gaza. Esta população poderá ter de esperar vários meses até ter acesso à inoculação.

Mesmo num cenário de vacinação veloz e de um confinamento apertado que já dura há três semanas, a situação está longe de ficar resolvida em Israel. Vários responsáveis hospitalares descrevem uma situação limite em que não conseguem receber mais pacientes e a chamada “variante britânica” já representa 40 a 50 por cento dos novos casos.

Também os Emirados Árabes Unidos se destacam na corrida à vacinação, sendo que, tal como o Bahrein, por exemplo, estes países estão a usar vacinas de origem chinesa – em concreto da Sinopharm - que não foram aprovadas pelas entidades europeias e norte-americanas.

No Reino Unido, onde surgiu em dezembro uma nova variante que, de acordo com estudos preliminares, poderá ser até 30 por cento mais mortífera, a vacinação também decorre a grande velocidade, com mais de 6,8 milhões (numa população de 66 milhões) que já receberam pelo menos a primeira dose. Em três meses, à velocidade atual, o Reino Unido deverá ter inoculado metade da população.


Ainda assim, a vacinação não chega suficientemente depressa. Na terça-feira, o Reino Unido tornou-se no primeiro país europeu a ultrapassar as 100 mil mortes por Covid-19, valor que apenas tinha sido ultrapassado por Estados Unidos, Brasil, Índia e México.

Nos Estados Unidos, o país com mais mortos e mais casos a nível absoluto - 425.036 óbitos e 25.433.812 casos desde o início da pandemia – a vacinação decorre a um ritmo lento. Foram vacinadas apenas 18,5 milhões de pessoas e, a esta velocidade, serão necessários mais seis meses para que metade da população esteja inoculada.

Os Estados Unidos têm 25 por cento dos casos de Covid-19 em todo o mundo e apenas quatro por cento da população mundial. Por cada cinco mortes a nível mundial devido à pandemia, pelo menos uma ocorre em território norte-americano.
No entanto, a Europa é nesta altura a região com maior transmissibilidade, mantendo um registo de um milhão de novas infeções a cada quatro dias. E no que toca a vacinação, a União Europeia surge muito atrás de Israel, Reino Unido e Estados Unidos.

Há precisamente um mês, numa ação concertada, começava a vacinação no espaço comunitário, mas apesar dos contratos desde cedo celebrados com as farmacêuticas, vários países da União Europeia enfrentam nesta altura atrasos na entrega das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca.

À medida que as nações mais ricas avançam, ainda que lentamente, com as campanhas de vacinação, os países africanos ainda lutam por garantir doses no mercado, numa altura em que o continente contabiliza 3,5 milhões de casos e mais de 85 mil mortes. Da África do Sul chegam sinais preocupantes de uma nova variante, mais infeciosa, que já foi registada em dezenas de países, incluindo Portugal.

As autoridades sanitárias têm alertado que o acesso desigual à vacina pode comprometer o combate global contra a pandemia e irá custar vidas e uma recuperação lenta das economias.

"Mais de 39 milhões de doses de vacinas já foram administradas em pelo menos 49 países desenvolvidos. Apenas 25 doses foram administradas em países em desenvolvimento. Não foram 25 milhões nem 25 mil, apenas 25", sublinhava o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde a 18 de janeiro.

O Brasil, o segundo país do mundo com mais óbitos por Covid-19, onde também há uma nova estirpe preocupante do vírus, começou tardiamente a vacinação e apenas 605 mil pessoas receberam pelo menos uma dose. A este ritmo, serão necessários mais 41 meses para vacinar metade da população.

Na Índia, o segundo país com mais casos depois dos Estados Unidos, foram vacinadas mais de um milhão de pessoas numa semana. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, garantiu na semana passada que o país é totalmente autossuficiente ao nível da vacinação, mas à velocidade atual, o país levaria até 116 meses – quase dez anos – até conseguir vacinar metade da população.
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