Covid-19 ameaça planos de prolongamento do mandato de Putin

por Mariana Ribeiro Soares - RTP

No seguimento da epidemia da Covid-19, a Rússia poderá ter de adiar a votação pública que seria a aprovação final do prolongamento do mandato do presidente russo Vladimir Putin até 2036. Putin, por sua vez, diz ter a epidemia “sob controlo”, com 438 casos confirmados na Rússia e apenas uma morte.

Há 20 anos no poder, Vladimir Putin procura agora contornar a lei russa de limitação de mandatos e continuar a liderar o país até 2036.

A 16 de março, o Tribunal Constitucional russo aprovou uma reforma constitucional impulsionada pelo Presidente Putin que lhe permitirá garantir dois mandatos suplementares após o final do atual em 2024.

A lei russa proíbe o Presidente de efetuar mais de dois mandatos, mas a emenda em questão autoriza que a contagem de mandatos presidenciais de Putin seja reposta a zero no final do atual.

A aprovação final desta reforma constitucional seria por via de um voto popular nacional agendado para 22 de abril.

Apesar de o Kremlin ainda não ter anunciado um adiamento da votação, as autoridades eleitorais discutem soluções para obter o voto da população numa altura em que as autoridades de saúde alertam para um isolamento social.

“A votação está agendada para 22 de abril, mas a saúde da população do país é mais importante”, disse o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov. “Se a evolução da situação epidemiológica for motivo para adiar, assim o faremos”, acrescentou.
Covid-19 “sob controlo”
Na segunda-feira, a Rússia anunciou 71 novos casos de infeção pelo novo coronavírus, perfazendo um total de 438 infetados, dos quais mais de metade (262) são em Moscovo. Há apenas uma morte relacionada com a Covid-19 até ao momento.

Apesar de os números continuarem a aumentar, estes não deixam de levantar questões de curiosidade por serem imprevisivelmente baixos. Com cerca de 146 milhões de pessoas, a Rússia apresenta menos casos confirmados do que, por exemplo, Luxemburgo ou mesmo Portugal, onde a epidemia já provocou 23 mortos e 2060 infetados.

Para justificar estes números, o Presidente russo disse que a situação estava “sob controlo” devido à rapidez na implementação de medidas assertivas.

O país registou o primeiro caso de infeção pelo novo coronavírus em janeiro e logo nessa altura fecharam as fronteiras com a China e criaram zonas de quarentena. Especialistas dizem que esta rápida tomada de decisões pode ser a explicação para o baixo número de casos em comparação com outros países.
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