Os internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) em Espanha diminuíram na segunda-feira devido a uma redução nos casos de urgência, mas os especialistas pedem "prudência e que não se baixe a guarda". Após uma descida no número de vítimas mortais e de infeções durante quatro dias, o país voltou esta terça-feira a registar uma ligeira subida. Nas últimas 24 horas, foram registados 743 óbitos e mais 5478 casos.
Apesar de continuarem acima da sua capacidade habitual e com os profissionais exaustos, as UCI dos hospitais espanhóis começam a ver uma “luz ao fundo do túnel”. Os internamentos de doentes críticos começam a abrandar, o que revela uma pequena trégua depois de muitos dias à beira do colapso.
No entanto, ainda vão decorrer algumas semanas para que as Unidades de Cuidados Intensivos consigam regressar à normalidade.
Segundo o conselheiro de Saúde de Madrid, na segunda-feira, a afluência às urgências baixou. Enrique Ruiz Escudero revela que das 1.955 entradas na passada semana, passou para 390.
No entanto, os especialistas contactados pelo jornal El País pedem “prudência” e apelam a que “não se baixe a guarda”. Em média, um doente com Covid-19 fica duas a três semanas internado nas UCI. Os recém-operados ficam entre 48 a 72 horas.
O Hospital Infanta Sofia em Madrid e o Hospital de los Reys em San Sebastian contavam a 16 de março com oito camas de cuidados intensivos e sete internamentos. No entanto, nos últimos tempos tiveram de aumentar o número de camas disponíveis.
A 19 de março (três dias depois) eram 11 as camas disponíveis e seis dias depois o número passou para 25. A 1 de abril, havia 40 pessoas internadas entre as UCI e outras áreas dos hospitais. As instalações de saúde tiveram de se adaptar para internar os doentes de Covid-19 com camas com monitorização durante 24 horas e com ventiladores.
Na passada sexta-feira (3 de abril) eram 38 os doentes internados nas UCI dos dois hospitais e no domingo eram 37, segundo avança o jornal El País.
No entanto, alguns dos hospitais de Madrid estão a planear uma redução de meios e o regresso progressivo à normalidade, que começa com a chamada de doentes com outras patologias para as consultas agendadas.
Numa das clínicas da capital espanhola, quatro das sete enfermarias que foram abertas para lidar com o elevado número de casos de Covid-19 já foram fechadas.
Cruz Martín, da Sociedade de Medicina Intensiva e médico no hospital de Torrejón, afirma que “na comunidade de Madrid, e especificamente no meu hospital, o número de internamentos estabilizou”.
“Ainda estamos muito longe do normal e ainda há doentes em enfermarias que podem acabar nas UCI, mas a verdade é que a situação está melhor e mais controlada”, afirmou ao jornal espanhol.
Segundo Cruz Martín, “há alguns dias que as altas superam os mortos. Mas a normalidade está distante porque as UCI ainda estão a 200 ou 300 por cento da sua situação inicial”.