Covid-19. Obama lança críticas indiretas a Trump em cerimónia virtual

por Mário Aleixo - RTP
Barak Obama começa a endurecer as suas críticas dirigidas a Donald Trump Diogo Schelp

O ex-presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Barack Obama, dirigiu-se a estudantes numa cerimónia virtual de diploma, numa rara intervenção pública desde o início da pandemia da covid-19, e criticou indiretamente a gestão do seu sucessor.

Obama não tem por hábito criticar em público Donald Trump, mas já emitiu de forma velada diversas observações contrárias à atual administração da Casa Branca.

No decurso de uma mensagem de felicitações difundida para os diplomas da rede das universidades historicamente negras (HBCU), o ex-presidente optou por evocar as consequências da pandemia provocada pelo novo coronavírus.

"Antes de tudo, esta pandemia enterrou em definitivo a ideia de que os nossos responsáveis sabem o que fazem", disse Obama.

"Muitos deles nem sequer procuram fazer parecer que são responsáveis", acrescentou.

O ex-presidente e membro do Partido Democrata sublinhou igualmente que a crise sanitária é reveladora das desigualdades que afetam os negros norte-americanos e aparentemente indignou-se, mas sem referência explícita, com a morte de Ahmaud Arbery, 25 anos, abatido em 23 de fevereiro quando fazia "jogging" num bairro residencial de Brunswick, cidade da Geórgia, um estado do sul do país.

"Uma doença como esta deixa transparecer as desigualdades subjacentes e o peso histórico que as comunidades negras deste país transportam", afirmou Barack Obama.

E prosseguiu: "Observamos que quando um homem negro faz o seu `jogging`, há gente que decide interpelá-lo, interrogá-lo, e abatê-lo caso não se submeta às suas perguntas".

Críticas duras em privado

Em privado, e segundo os media norte-americanos, Barack Obama já qualificou mais explicitamente a gestão da pandemia por Donald Trump de "desastre caótico absoluto", durante contactos com antigos colaboradores em 8 de maio.

Na ocasião assegurou que vai despender "o tempo que for necessário para fazer campanha o mais intensamente possível por Joe Biden", a quem concedeu o seu apoio oficial, em 14 de abril, numa longa mensagem vídeo, na perspetiva das presidenciais de novembro próximo.

Contra Donald Trump, que evocou a existência de uma conspiração contra si designada "Obamagate", o ex-presidente respondeu na semana passada com uma palavra na rede social o Twitter: "Votai".

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