Covid-19. Reino Unido à espera de 500 mortes por dia "nas próximas semanas"

por Graça Andrade Ramos - RTP
Um homem caminha numa ponte de Newcastle upon Tyne, Reino Unido, dia 26 de outubro de 2020 em plena pandemia de Covid-19 Reuters

Sir Patrick Vallance, o principal conselheiro científico de Boris Johnson, está a pressionar o primeiro-ministro do Reino Unido para declarar urgentemente um confinamento generalizado do país, sob pena de uma segunda vaga de Covid-19 muito mais mortífera do que a primeira.

O Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências, SAGE na sigla em inglês, liderado por Sir Patrick, projetou a progressão da nova onda de surtos de infeção por SARS-CoV-2 no país e concluiu que, apesar do pico de óbitos ser provavelmente atingido mais cedo do que sucedeu no início da pandemia, deverá manter-se por semanas, talvez meses, antes de começar a descer.

O resultado será um número muito mais elevado de fatalidades com Covid-19 do que o da primavera. A solução, referem, é impor até ao Natal um novo confinamento em todo o país.

Sir Patrick Vallance estará a pressionar Boris Johnson para fechar o país em meados de dezembro o mais tardar, e projeta que no final de novembro haja cerca de 25 mil pessoas hospitalizadas devido ao vírus, um número superior ao registado na primeira vaga de contágios.

O mês passado, Vallance afirmou que o Reino Unido poderia ter 200 mortes por dia devido à Covid-19 em meados de novembro. O número foi já ultrapassado, semanas antes da projeção inicial. Os especialistas esperam agora 500 mortes por dia "nas próximas semanas".

Dados oficiais reportaram mais 22.885 novos casos de infeção por SARS-CoV-2 esta terça-feira, e mais 367 mortes Covid-19. O total de óbitos no Reino Unido está quase a ultrapassar a barreira dos 61 mil nos últimos oito meses.
Oito milhões de pessoas sob restrições
À Newsweek, um porta-voz do Governo de Johnson assumiu a necessidade de medidas severas para conter a pandemia.

"Os últimos números são preocupantes, e foi por isso que impusemos medidas mais severas para conter o alastrar do vírus em áreas com maior incidência. Temos estado a consultar constantemente uma vasta quantidade de especialistas científicos e sanitários ao longo de toda a pandemia para guiar as decisões do Governo", referiu a fonte não identificada.

"É vital que todos continuem a fazer a sua parte através do respeito destas regras, para podermos salvar vidas e proteger o NHS", acrescentou, referindo-se ao serviço nacional de saúde britânico.

Até ao fim desta semana, mais de oito milhões de pessoas em Inglaterra estarão sob as restrições mais severas previstas num novo sistema de três patamares imposto há cerca de duas semanas. Apesar disso e do confinamento, as expetativas de sucesso são baixas.

A Dra Yvonne Doyle, diretora da Saúde Pública de Inglaterra avisou que o aumento do número de óbitos Covid no Reino Unido irá provavelmente "manter-se por algum tempo".

Toda a Europa está a ser atingida por uma segunda vaga de contágios pelo novo coronavírus aparentemente imparável. Vários países têm imposto o recolher obrigatório para tentar conter o ritmo de infeções sem obrigar ao encerramento de empresas e da economia em geral mas a necessidade de medidas mais severas começa a fazer-se sentir.

A Alemanha anunciou esta quarta-feira um novo confinamento parcial, para tentar aliviar a pressão nos seus hospitais e quebrar um ritmo exponencial de contágios. Também a França avança para um novo confinamento já a partir de sexta-feira e até dia 1 de dezembro.
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