Covid-19. Trump prolonga medidas de distanciamento social até final de abril

por RTP
Stefani Reynolds - EPA

O Presidente norte-americano decidiu prolongar as medidas já implementadas até 30 de abril, no momento em que os Estados Unidos ultrapassaram China e Itália em número de casos de infeção. Só em Nova Iorque já foram registadas mais de mil mortes, menos de um mês depois de ter sido reportado o primeiro caso naquele Estado.

“Nada é pior do que declarar vitória antes que a vitória seja conseguida. Essa seria a maior perda de todas”, disse Donald Trump para anunciar que as medidas restritivas vão manter-se até final de abril e não vão ser terminadas na Páscoa, como o presidente chegou a admitir.

Trump adianta que os EUA vão “estar bem no caminho da recuperação” em junho e que o “pico” de mortes poderá ser atingido dentro de duas semanas.

As medidas ditam que os residentes devam evitar todas as viagens não essenciais, idas ao trabalho, ir comera a restaurantes e bares. Não podem realizar-se encontros com mais de dez pessoas e os mais velhos são aconselhados a ficar em casa.

O período inicial de confinamento era de 15 dias, terminando esta segunda-feira.

Trump determinou inicialmente as medidas de distanciamento social depois do estudo da Imperial College of London ter falado da eventual morte de 2.2 milhões de pessoas se nada fosse feito. Acrescentou agora que se as mortes forem menos de 100,000 “todos teremos feito um bom trabalho”.

“Gostava que se pudesse ter de volta a nossa vida antiga… mas estamos a trabalhar muito, como todos sabem. Vejo coisas, vejo números, eles não me importam. O que me importa é que tenhamos uma vitória sobre isto o mais depressa possível”, acrescentou Trump.

Na passada semana, Trump tinha apontado 12 de abril, a Páscoa, como a data em que o país podia potencialmente voltar ao normal. Teve de voltar atrás e prolongar as medidas no tempo.

“Quanto melhor fizermos, mais depressa vai desaparecer este pesadelo”, reforçou o presidente numa conferência de imprensa na Casa Branca, este domingo. Disse estar a delinear um novo plano e estratégia no início desta semana. Os detalhes, garante, vão ser apresentados terça-feira. “Quero a nossa vida antiga de volta”, disse.
Estimativa de 200 mil mortos, Nova Iorque no epicentro
O anúncio marca uma ruptura com declarações anteriores de Trump, quando há uma semana argumentava que as restrições estavam a provocar danos irreparáveis à economia. Mas este domingo, o presidente parece ter assimilado que a progressão do vírus não está a abrandar.
A escala do surto foi dada pelo conselheiro de saúde da Casa Branca este domingo. Anthony Fauci fez uma previsão na CNN de que mais de 100 mil americanos podiam morrer de Covid-19. As piores previsões de Fauci apontam para 200 mil mortes.

Problemas persistentes nos testes têm trazido problemas a delinear todo o cenário da propagação do vírus, deixando as autoridades sem uma visão clara sobre a realidade em alguns estados norte-americanos.

Fauci está entre os conselheiros que encorajaram a continuação das medidas já delineadas, depois de muitos empresários virem dizer que as restrições são mais danosas que o próprio vírus.

Com a cidade de Nova Iorque a tornar-se o epicentro da pandemia nos EUA, o Presidente do país admitiu mesmo colocar todo o Estado, bem como os Estados vizinhos de Nova Jérsia e Connecticut, em quarentena.

Anthony Fauci revelou na CNN que o Presidente decidiu não impor uma quarentina restritiva em certas zonas de Nova Iorque, Nova Jérsia e Conneticut, depois de “discussões intensas” na Casa Branca. Fauci, diretor do Centro Nacional de Alergias e Doenças Infeciosas, defendeu que era importante não implementar algo que poderia criar “uma maior dificuldade” e, em vez disso, determinar um aviso de viagens para a área metropolitana de nova Iorque.

“Depois de discussões com o Presidente deixámos claro, e ele concordou, que conseguiríamos mais com um “forte aviso”. A razão para isto é que não queremos chegar ao ponto em que temos de obrigar a coisas que vão criar uma maior dificuldade, moral até, quando podemos conseguir o mesmo objetivo de outra forma”, disse, na entrevista à CNN.

Cerca de 56 por cento das novas infeções nos EUA têm origem na área de Nova Iorque, diz Fauci.

O número de mortes duplicou para mais de dois mil em dois dias. Há mais de 140 mil casos de pessoas infetadas pelo novo coronavírus e 2493 mortes, de acordo com dados da Johns Hopkins University.

Só no Estado norte-americano de Nova Iorque registam-se mais de mil mortos com a covid-19, apenas um mês após se detetar o primeiro caso e quando há nove dias se registavam apenas 35 mortos.

Só a cidade de Nova Iorque informou na noite de domingo que o número subira para os 776 mortos. O surto da covid-19 espalhou-se por Nova Iorque a uma velocidade assustadora.

O primeiro caso de infeção no Estado foi descoberto a 1 de março num profissional de saúde, que regressara recentemente do Irão. Dois dias depois, o estado anunciou o segundo caso, um advogado do subúrbio de New Rochelle.

A 10 de março, o governador Andrew Cuomo declarou uma "área de contenção" em New Rochelle que obrigou ao fecho de escolas e espaços de culto. Nesse mesmo dia, a região metropolitana registou a sua primeira fatalidade: um homem que trabalhava em Yonkers e morava em Nova Jersey.

A 12 de março, o estado proibiu todas as reuniões de mais de 500 pessoas e encerrou os teatros da Broadway e as arenas desportivas. O prefeito da cidade de Nova Iorque, Bill De Blasio, ordenou o fecho das escolas a 15 de março.

Restrições mais severas ocorreram cinco dias depois, quando Cuomo ordenou que todos os trabalhadores não essenciais ficassem em casa, barrou reuniões de qualquer dimensão e instruiu qualquer pessoa no espaço público a ficar a pelo menos um metro de distância das outras pessoas.

c/ Lusa
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