Covid-19. Wuhan procura testar os 11 milhões de habitantes

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Aly Song - Reuters

Wuhan, epicentro da pandemia, está a elaborar planos para testar todos os 11 milhões de habitantes em dez dias. Pela primeira vez desde há mais de um mês, a cidade chinesa registou seis novos casos de infeção por Covid-19 no passado fim de semana.

O plano está ainda nos estágios iniciais, mas Wuhan pretende testar todos os seus habitantes para despistar a Covid-19.

A decisão surgiu após receios de uma segunda vaga na cidade onde se registaram os primeiros casos de infeção pelo novo coronavírus, no final de 2019. Desde 3 de abril que Wuhan parecia ter a pandemia controlada, sem novos casos de infeção. No entanto, no último fim-de-semana, a cidade registou seis novos casos de Covid-19.

Todos os distritos da cidade foram, por isso, instruídos a elaborar o seu próprio plano para conduzir a investigação epidemiológica em dez dias, com base na densidade populacional e na existência, ou não, de um surto ativo.

O plano designado de “batalha de dez dias” refere que deve ser dada prioridade à população envelhecida, bem como comunidades densamente povoadas.
Plano ambicioso levanta dúvidas
O plano da cidade chinesa tem levantado dúvidas na comunidade médica por considerarem que testar toda a cidade é inviável e dispendioso. Outras opiniões salientam que os testes deveriam ter sido realizados antes de Wuhan ter levantado as medidas de restrição a 8 de abril.

Peng Zhiyong, diretor da unidade de cuidados intensivos do Hospital Zhongnan da Universidade de Wuhan, disse ao Global Times que testar os 11 milhões de habitantes seria altamente dispendioso e considera por isso muito provável que os testes se concentrem em grupos e comunidades-chave, como contactos próximos de doentes e familiares, bem como profissionais de saúde, idosos e população com doenças crónicas.

Por outro lado, Yang Zhanqiu, vice-diretor do departamento de biologia da Universidade de Wuhan, sublinhou que cerca de três a cinco milhões de residentes já foram testados e acredita que a cidade “é capaz de testar os restantes seis a oito milhões em dez dias”.

Do ponto de vista de monitorização da propagação do vírus, Yang Zhanqiu defende que testar toda a cidade pode ser uma medida desnecessária, uma vez que não existem garantias de que uma pessoa não seja infetada depois de testar negativo à Covid-19. Considera, por isso, que se trata “essencialmente de uma investigação epidemiológica para determinar a situação atual” e que os testes permitiriam restabelecer a sensação de segurança dos moradores e acelerar o processo de regresso ao trabalho e às escolas.

Depois de um aumento súbito do número de casos no fim-de-semana, nas últimas 24 horas, Wuhan registou apenas um novo caso de infeção, fixando o número de infetados ativos na China em 115, entro os quais dez estão em estado grave.

Desde o início da epidemia, a China registou mais de 84 mil infetados e 4.637 mortos devido à Covid-19. Até ao momento, 78.171 pessoas tiveram alta.
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