Cyril Ramaphosa sucede a Jacob Zuma na presidência da África do Sul

por RTP
Mike Hutchings - Reuters

O Parlamento da África do Sul elege esta quinta-feira Cyril Ramaphosa como sucessor de Jacob Zuma na presidência do país. A votação acontece depois de Jacob Zuma ter anunciado na quarta-feira que decidiu renunciar ao cargo com “efeitos imediatos”, antecipando-se à moção de censura que deveria ser votada esta quinta-feira. Zuma encontra-se envolvido em vários processos de alegada corrupção.

O líder parlamentar do partido no poder confirmou que a eleição de Cyril Ramaphosa será votada no Parlamento esta quarta-feira às 14h00 (12h00 em Lisboa). A confirmação de Ramaphosa como sucessor de Zuma apresenta-se como certa, uma vez que a ANC tem maioria no Parlamento.

Cyril Ramaphosa tem 65 anos e era até agora vice-presidente da África do Sul. Ramaphosa era já o líder da Congresso Nacional Africano (ANC), o partido de Zuma e do histórico líder sul-africano Nélson Mandela, desde dezembro. Com a aprovação do Parlamento, Ramaphosa assegura a presidência do país até às eleições de 2019.

Este milionário, antigo homem de negócios, chega à presidência da África do Sul num momento difícil da história recente do país. Ramaphosa promete dar novo alento à economia do país e combater a corrupção que afeta o partido e as mais altas instâncias do Estado.
Presidente contestado

A saída da presidência de Jacob Zuma era já uma velha ambição de Ramaphosa e do partido. Há várias semanas que se tentava que o Presidente sul-africano aceitasse renunciar o cargo. Perante a obstinação de Zuma em permanecer no poder, a ANC ameaçou com uma moção de censura ao chefe de Estado que outrora apoiou.

Depois de ter inicialmente recusado demitir-se, Zuma mudou o discurso na última noite. Numa declaração televisiva de 30 minutos, o chefe de Estado anunciou que se demitia “com efeitos imediatos”, apesar de reforçar que não concordava com a vontade do partido.

“Nenhuma vida deve ser perdida em meu nome e o ANC não deve ficar dividido em meu nome", justificou.

Presidente de África do Sul desde 2009, Jacob Zuma enfrenta vários processos de corrupção. Num dos mais recentes e relevantes, o chefe de Estado é suspeito de estar envolvido em alegados crimes cometidos pelos irmãos Gupta, uma família imigrante de origem indiana que detém grandes negócios na África do Sul e que está a ser investigada pelo FBI.

O Presidente da República é suspeito de ter favorecido atividades empresariais desta família poderosa, permitindo aos irmãos Gupta ganharem concursos públicos milionários. Poucas horas antes de ter anunciado a demissão, a polícia sul-africana efetuou buscas numa das moradias dos Gupta.
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