Delegação de ministros vai pedir a Boris Johnson que se demita

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
John Sibley - Reuters

Uma delegação de ministros britânicos aguarda a chegada do primeiro-ministro Boris Johnson, em Downing Street, para lhe pedir que se demita, segundo avançam vários meios de comunicação. No entanto, Boris Johnson já deixou clara a sua determinação em permanecer no cargo.

De acordo com diferentes meios de comunicação britânicos, são já vários os ministros que aguardam no número 10 de Downing Street a chegada do primeiro-ministro, Boris Johnson, para o pressionarem a demitir-se.

Segundo The Guardian, à porta da residência oficial e escritório de Johnson encontram-se já Anne-Marie Trevelyan, a secretária de comércio internacional, Priti Patel, a secretária de Estado para Assuntos Internos e o ministro dos Transportes, Grant Shapps.


Para além destes, outros ministros já se mostraram a favor da demissão de Johnson, incluindo o recém-eleito ministro das Finanças, Nadhim Zahawi, o ministro da Irlanda do Norte, Brandon Lewis, e do País de Gales, Simon Hart.

A iniciativa surge após uma série de demissões nas últimas 24 horas devido ao escândalo sexual que envolve o Governo de Boris Johnson. Desde as primeiras demissões anunciadas na terça-feira, dos ministros das Finanças e da Saúde, o número de renúncias no executivo britânico já excede as 30.

A crise foi desencadeada porque Johnson admitiu, após dias a negá-lo, que sabia de alegações de má conduta sexual contra o deputado Chris Pincher antes de o promover a vice-presidente da bancada parlamentar em fevereiro.
“Eu não vou renunciar”, diz Boris Johnson
Apesar da cada vez maior lista de escândalos e do aumento da pressão para renunciar, Boris Johnson reiterou esta quarta-feira a sua determinação em permanecer no cargo, argumentando que não seria responsável “virar as costas” ao país nesta altura.

"Eu não vou renunciar e a última coisa que este país precisa, francamente, é de uma eleição", disse o primeiro-ministro do Reino Unido na Comissão de Ligação, composta por presidentes das diferentes comissões parlamentares.

"O país está a atravessar tempos difíceis", admitiu, referindo "as pressões a que as pessoas estão sujeitas e a necessidade de o governo se concentrar nas suas prioridades".

Mencionando ainda "a maior guerra na Europa nos últimos 80 anos", Johnson argumentou que "não seria de maneira nenhuma responsável virar as costas".

Questionado sobre se o Executivo vai sofrer com a falta de ministros e outros membros que se demitiram nas últimas horas, Johnson respondeu que "há uma riqueza de talentos" na bancada parlamentar, de mais de 300 deputados.
Quais são os cenários futuros possíveis?
Apesar de Johnson ter vindo a reiterar que não se irá demitir, tal cenário ainda não está totalmente descartado se um grupo maior de ministros vir a resignar.

Se tal acontecer, o Partido Conservador realizará eleições internas para nomear um novo líder, que então será eleito primeiro-ministro.


Por enquanto, Boris Johnson tem o controlo do seu destino à frente do executivo do Reino Unido. No entanto, tal pode vir a mudar caso as regras para a apresentação de uma moção de censura sejam alteradas.

De acordo com as normas atuais, se o primeiro-ministro do Reino Unido sobreviver a uma moção de censura, fica imune a um novo voto de confiança durante 12 meses. Uma vez que Johnson venceu uma moção de desconfiança no mês passado, tal significa que estará livre de ser destituído até junho de 2023.

O Comité Executivo de 1992, que define as regras das moções de censura, decidiu esta quarta-feira não alterar, de momento, as normas, mas agendou para a próxima segunda-feira as eleições para o executivo do comité, para o qual existem 18 vagas.

Se um número suficientemente grande de deputados anti-Johnson for eleito para o executivo do comité, é provável que as regras para a abertura de uma moção de censura sejam alteradas e que Johnson seja, então, de novo alvo de um voto de confiança num futuro próximo.

c/agências
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