Os deputados do Partido Conservador britânico estão a preparar uma moção para atar as mãos do próximo primeiro-ministro britânico, de forma a obrigá-lo a negociar o Brexit, impossibilitando assim uma saída da União Europeia "à bruta".
A data foi negociada por May para tentar conseguir
um acordo de saída que os deputados britânicos pudessem aprovar, mas
pode agora servir os interesses de Johnson.
Jonhson, até agora o favorito para suceder à ainda primeira-ministra Theresa May, está a garantir que o Reino Unido irá deixar a União Europeia a 31 de outubro, numa atitude de "agora ou nunca".
No mínimo, estes deputados pretendem garantir uma votação parlamentar antes de uma eventual saída sem acordo.
Assinada pelo deputado conservador Dominic Grieve e pela trabalhista Margaret Beckett, esta medida prevê bloquear o acesso do próximo Governo a recursos financeiros e a gastos de dinheiro, caso este avance com um não-acordo. Deverá ser apresentada durante o debate sobre contas públicas marcado para a próxima terça-feira.
Forçar a queda do GovernoDominic Raab, um dos aliados de Boris Johnson, afirma que o chumbo parlamentar do Plano B do candidato terá "efeito legal igual a zero", sugerindo que este se prepara para ignorar a vontade do Parlamento, caso seja eleito líder dos conservadores.No mês passado, Bercow afirmou num discurso em Washington que a "a ideia de que o Parlamento seja retirado do palco central do debate sobre o Brexit é inimaginável. Simplesmente inimaginável".
O rival de Johnson, Jeremy Hunt, admite por seu lado uma extensão do prazo além de 31 de outubro, caso seja necessário mais tempo para conseguir um acordo.
Os deputados britânicos esperam entretanto ter o apoio do speaker, John Bercow, para ajustar as regras e permitir a inclusão das emendas anti-saída dura, em vez de as considerar fora do âmbito legislativo.
O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, falhou por pouco uma tentativa de controlar os processos da assembleia por um dia, para abrir caminho a uma tentativa de proibir um Brexit sem acordo.
Uma iniciativa semelhante liderada pelos deputados conservadores rebeldes poderá, apesar de tudo, ter melhor acolhimento.
Fazer passar uma emenda legislativa é, de qualquer forma, uma opção mais suave do que a possibilidade de um voto de não-confiança que faça cair o Governo.
A hipótese está em cima da mesa e vários deputados conservadores já admitiram nos últimos dias vir a apoiar uma iniciativa trabalhista nesse sentido, em caso de iminência de um Brexit sem acordo.
A fatalidade do Dia das BruxasCorbyn ainda não afastou a realização deste voto de não-confiança no curto espaço de tempo entre a investidura do novo primeiro-ministro, a 24 de julho, e o fim dos trabalhos parlamentares para férias de verão, marcado para o dia seguinte. Um tal apoio aos trabalhistas iria forçar os deputados conservadores a demitirem-se do seu partido.
Em princípio, o próximo líder dos conservadores irá substituir a
primeira-ministra Theresa May, que se demitiu a 7 de junho, após
sucessivas derrotas ao acordo de saída negociado pelo seu Governo com
Bruxelas.
Considerado o grande favorito à sucessão, Boris Johnson tem adotado um discurso cada vez mais radical quanto ao Brexit.
No início desta semana, o favorito dos conservadores afirmou que há
uma hipótese "num milhão" de Bruxelas não lhe conceder um acordo. Isto
apesar de os líderes europeus repetirem até à exaustão que não irão mudar uma
vírgula ao acordo negociado com May.