Dez anos depois, Fukushima ainda é inabitável

por Antena 1

Foto: Kimimasa Mayama - EPA

Faz esta quinta-feira dez anos que o mundo ficou a conhecer a cidade de Fukushima, no Japão, pelas piores razões. A central nuclear foi atingida por uma série de acontecimentos trágicos precipitados por um forte sismo, seguido de tsunami.

Dois fatores combinados que deram origem a um acidente nuclear na central de Fukushima, que deixou marcas impossíveis de apagar.

Mais de 36 mil pessoas continuam a não poder regressar a esta região japonesa devido à radiação. E vai ser assim durante décadas, segundo Fernando Piedade Carvalho, especialista do Campus Tecnológico e Nuclear da Universidade de Lisboa.

O especialista explica que a libertação de partículas radioativas para a atmosfera e o oceano fazem ainda hoje de Fukushima uma região contaminada.

O desastre nuclear de 11 de março de 2011 levou a um aumento das preocupações sobre o uso do nuclear para produção de energia elétrica.

O Japão desativou algumas centrais nucleares. No entanto, por ser uma forma mais limpa de produzir eletricidade, Fernando Piedade Carvalho considera que a energia nuclear vai continuar presente porque pode contribuir para se alcançar a neutralidade carbónica.

Apesar das melhorias nos sistemas de segurança dos reatores nucleares, a ameaça de um desastre como Fukushima ou Chernobyl mantém-se. Com dezenas de centrais na Europa, Portugal não está imune às consequências.

Fernando Piedade Carvalho lamenta a falta de investimento na prevenção e monitorização radiológica.

Esta quinta-feira, o Japão cumpriu um minuto de silêncio, em memória das vítimas deste desastre. O primeiro-ministro Yoshihide Suga prometeu continuar a revitalizar as áreas afetadas pelo acidente nuclear. E o imperador japonês Naruhito assumiu que há ainda muito a fazer, nos esforços de recuperação.
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