Marcelo sai em defesa do multilateralismo e não aplaude discurso de Trump

por RTP
Carlo Allegri - Reuters

O Presidente português disse esta terça-feira que optou por não aplaudir o discurso do homólogo norte-americano, Donald Trump, como forma de "obediência" à posição portuguesa na defesa do multilateralismo e do diálogo entre nações. Portugal acredita "acima de tudo na orientação do secretário-geral das Nações Unidas", António Guterres.

Em declarações aos jornalistas à margem da 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o chefe de Estado português diz que a linha de orientação de Guterres "está correta" e "coincide com a linha que nós defendemos".
 
"Há outras orientações, mas que são diversas das nossas", apontou.  
 
O Presidente da República frisou ainda que Portugal tem como visão a "defesa do multilateralismo e do diálogo". 

 
"Defender a preocupação com as alterações climáticas, defender a concertação permanente para resolver os conflitos mundiais, defender o livre comércio internacional e não o protecionismo", completou.
 
O chefe de Estado revelou ainda que a intervenção que fará na quarta-feira nas Nações Unidas "vai nesse sentido".
 
"Portanto, em função do sentido da intervenção, é natural que, perante as várias intervenções de outros países, nós reajamos em obediência à nossa orientação fundamental. Temos sobretudo de defender aquilo em que acreditamos", apontou.  
 
No discurso dirigido à Assembleia Geral da ONU, o Presidente norte-americano rejeitou a "ideologia do globalismo" em prol da "doutrina do patriotismo".

"Honro o direito de todas as nações do mundo a seguirem e respeitarem os seus costumes, crenças e tradições. Os Estados Unidos não vos vão dizer como viver, trabalhar ou rezar. Apenas vos pedimos para que respeitem também a nossa soberania", frisou Donald Trump. 

Antes, o secretário-geral António Guterres tinha alertado que o “multilateralismo está sob fogo precisamente quando mais precisamos dele”.

Na abertura da reunião anual dos 193 chefes de Estado e de Governo, António Guterres notou que, “entre os países, a cooperação é menos certa e mais difícil”, e ainda que “as divisões no seio do Conselho de Segurança são graves”.

c/ Lusa
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