Em Donetsk. Rússia alega ter abatido "até 100 mercenários estrangeiros"

por Carlos Santos Neves - RTP
Militares ucranianos disparam morteiros na linha da frente da região de Donetsk 93ª Brigada Mecanizada Kholodnyi Yar das Forças Armadas da Ucrânia via Reuters

Um ataque com denominadas “armas de alta precisão” da Rússia causou as mortes de “até 100 mercenários estrangeiros” em Donetsk, no leste da Ucrânia, afirmou este domingo o Ministério russo da Defesa. O bombardeamento, que se abateu sobre a região da cidade de Chasiv Yar, sob controlo das tropas ucranianas, terá também destruído “seis blindados”.

“Até 100 mercenários estrangeiros e seis veículos blindados foram destruídos na área de Chasiv Yar em resultado de um ataque com armas de alta precisão das forças aeroespaciais russas, nos locais temporários de treino dos chamados milicianos da legião estrangeira”, reivindicou o general Igor Konashenkov, porta-voz do exército de Moscovo.

Chasiv Yar, pequena cidade da região de Donetsk sob controlo das forças de Kiev, é há vários dias o cenário de duros combates.Em Chasiv Yar, pelo menos três pessoas ficaram feridas quando o impacto de um míssil russo atingiu um edifício de apartamentos.


Konashenkov apontou ainda uma sequência de ataques a seis postos de comando ucranianos nas regiões de Kherson e Kharkov, além de outros alvos em Donetsk, designadamente em Sadovoe, Dudchany, Yampol, Kislovka e Zolotaya Balka.

Ainda segundo o porta-voz militar russo, terá sido destruído, perto de Dnipro, um depósito de munições para um sistema de lançamento múltiplo de rockets HIMARS (MLRS) das Forças Armadas da Ucrânia.

O Ministério britânico da Defesa confirmou também este domingo o envio de um carregamento de mísseis de alta precisão Brimstone 2 para a defesa ucraniana, parte de mais um pacote de assistência militar ao Governo de Volodymyr Zelensky.


“Esta ajuda tem desempenhado um papel crucial no atraso dos avanços russos”, sublinhou Londres.
Zaporizhia
De Zaporizhia, região do sudeste do país onde se situa a maior central nuclear da Europa, ocupada desde março pelas tropas russas, chega a notícia de aparentes sinais de uma retirada, num futuro próximo, das forças ocupantes. Quem o diz é o número da Energoatom, agência ucraniana que gere a energia nuclear.

“Nas últimas semanas, temos recebido, efetivamente, informações de que surgiram sinais de que eles estão possivelmente a preparar-se para sair”, afirmou Petro Kotin na televisão estatal da Ucrânia.

“Há um número elevado de relatos, nos media russos de que valeria a pena abandonar [a central nuclear] e talvez entregar o controlo à Agência Internacional de Energia Atómica”, acrescentou.Russos e ucranianos trocam acusações, há vários meses, sobre repetidos bombardeamentos contra o complexo nuclear de Zaporizhia, que já não está a produzir energia – a central era responsável por cerca de um quinto do abastecimento de eletricidade da Ucrânia.


O diretor da AIEA, Raphael Grossi, avistou-se na passada quarta-feira, em Istambul, na Turquia, com uma delegação russa. No topo da agenda desta reunião esteve a ideia da criação de uma zona de proteção em torno da central de Zaporizhia, tendo em vista prevenir um desastre nuclear em potência.

Citado pela agência russa RIA, o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Ryabkov, sinalizou, 24 horas depois do encontro com Grossi, que a implementação de uma zona de proteção deveria ser oficializada “rapidamente”.

O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, anunciou, nas últimas horas, que o sistema energético do país foi estabilizado, depois de os ataques russos no início desta semana terem deixado grande parte do país sem eletricidade.

As forças ucranianas reconquistaram este mês a cidade meridional de Kherson e uma porção de território na margem direita do Rio Dnipro, a leste da província de Zaporizhia.


c/ agências
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