Entrevista. Francisco Sucre exclui transição com Nicolás Maduro

por António Mateus - RTP
"Imagine eleições em Portugal com os principais líderes políticos presos e os principais partidos banidos. É claro que não seriam eleições livres" RTP

Está fora de causa a participação de Nicolás Maduro na transição de poder na Venezuela. Quem o afirma é Francisco Sucre. Em entrevista exclusiva ao programa da RTP Olhar o Mundo, o presidente da Comissão Permanente de Relações Externas da Assembleia Nacional é taxativo: "Claro que não".

"É claro que não!", respondeu à pergunta do jornalista António Mateus, sobre se a oposição iria convidar Maduro a participar numa autoridade de transição.

"Ele perpetrou violações humanitárias muito graves e já tem um processo judicial no Tribunal Penal Internacional. É o principal responsável pelo que se passa na Venezuela", acrescentou.

Esta entrevista exclusiva é emitida sábado, a partir das 14h20, na RTP3.
Confrontado com as alegações, por parte de Maduro, de que a oposição está a servir interesses de oligarquias ou dos Estados Unidos, o deputado venezuelano, de 51 anos, sublinhou que o que está em causa no país não é uma luta ideológica ou de poder, mas o colapso social e humano de um dos países mais ricos em matérias-primas do Continente Americano.

Sucre assegurou à RTP que só por má-fé ou erro de informação se pode argumentar uma suposta legitimidade de exercício do poder por Nicolás Maduro, num país onde existem mais de mil presos políticos e em que o Presidente nomeou e controla todos os órgãos eleitorais.

"Imagine eleições em Portugal com os principais líderes políticos presos e os principais partidos banidos", contrapôs Sucre. "É claro que não seriam eleições livres. Claro que não!", acrescentou.

Francisco Sucre revelou depois que a oposição já desenvolveu, com o apoio de diversas entidades da sociedade civil, um programa de relançamento socioeconómico e infraestrutural da Venezuela e de restauro da democracia plena e de um Estado de Direito no país.

"Vamos lutar até restaurarmos a democracia na Venezuela", assegurou ao Olhar o Mundo. "Definimos um prazo máximo de um ano para realizar eleições e podemos até dentro de oito meses, depois do fim da usurpação [por Maduro]".

Isto, sublinhou, depois de refundar um corpo eleitoral "que é uma extensão do poder exectuvivo de Maduro".

Francisco Sucre é advogado de formação académica, deputado eleito pelo Estado de Bolívar, pelo Partido Vontade Popular (VP). Depois de ter presidido à Comissão de Energia e Petróleos na Assembleia Nacional, preside desde junho de 2018 à Comissão Permanente de Política Externa do mesmo órgão.
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