Estados Unidos "rasgam" tratado de amizade com o Irão

por RTP
Kevin Lamarque - Reuters

A decisão chega horas depois de o Tribunal Internacional de Justiça (ICJ) ter ordenado os EUA a levantar as sanções a bens humanitários impostas sobre Teerão. O Irão apontava estas sanções como uma violação ao ‘Tratado de Amizade’ assinado entre os dois países, em 1955.

O Irão entrou com um processo contra os Estados Unidos no ICJ, o mais importante tribunal das Nações Unidas, em julho, onde apontava que o embargo a bens humanitários, imposto pelos EUA, violava o acordo de amizade assinado entre os dois países. O ‘Tratado de Amizade’ estabelecia uma cooperação económica, assim como o acesso mútuo a direitos consulares.

O Secretário de Estado Americano, Mike Pompeo, anunciou à imprensa, esta quarta-feira, o cancelamento do acordo face à decisão do ICJ, de intimar os Estados Unidos a levantar as sanções impostas sobre bens humanitários ao Irão.

As novas sanções tinham sido anunciadas em maio pelo presidente norte-americano, Donald Trump, depois de os EUA terem abandonado o acordo nuclear que tinham assinado com o Irão, relativamente ao seu programa balístico.

Pompeo disse aos jornalistas que o cancelamento do acordo “chega 39 anos atrasado” e acusa o Irão de “abusar da ICJ para propósitos políticos e de propaganda”. Ainda assim, o Secretário de Estado congratulou-se por o tribunal ter rejeitado “corretamente todas as moções infundadas do Irão” para suspender outras sanções impostas pelos EUA.

O líder iraniano, Mohammad Javad Zarif, reagiu a esta decisão através do Twitter. "Hoje, os EUA retiraram-se do tratado entre os EUA e o Irão depois de o ICJ ter ordenado que parassem de violar o tratado, punindo o povo iraniano. Que regime fora da lei”, afirmou.




O jornal britânico, The Guardian, destaca que a decisão de quarta-feira deve ser considerada uma medida provisória até que um veredicto final seja anunciado, mas que esta decisão foi unânime. Destaca ainda que a decisão não é passível de ser objecto de recurso, mas que o tribunal não tem meios efetivos de aplicá-la.

O artigo conclui que “ainda é muito cedo para entender o impacto, em termos práticos, da decisão do tribunal, dado o apoio da UE ao acordo nuclear” - acordo esse que os EUA abandonaram.
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