EUA. Biden e Harris unidos na ofensiva contra Trump

por Andreia Martins - RTP
Quase sempre à distância de alguns metros, os dois parceiros eleitorais aproveitaram a primeira ação de campanha conjunta para atacar a prestação do Presidente no contexto da pandemia do novo coronavírus. Carlos Barria - Reuters

A menos de três meses das eleições presidenciais nos Estados Unidos, o candidato do Partido Democrático, Joe Biden, e a parceira eleitoral, Kamala Harris, discursaram juntos pela primeira vez. Unidos no ataque às políticas do Presidente Donald Trump ao longo dos últimos anos, sobretudo durante os meses de pandemia de Covid-19, prometeram "recuperar" o país nas mais diversas áreas, com foco na saúde e nas questões raciais.

No primeiro evento público em conjunto e um dia depois de Joe Biden ter anunciado Kamala Harris como candidata à vice-presidência dos Estados Unidos, os dois parceiros eleitorais focaram atenções na visão de ambos para a “reconstrução” do país, após os anos turbulentos de liderança republicana.

Na visão dos dois aspirantes à Casa Branca, a atuação de Trump só agravou as crises que a América tem vivido nos últimos anos, com destaque para a pandemia do novo coronavírus. Os Estados Unidos são, de longe, o país do mundo com maior número de casos confirmados e de vítimas mortais, com mais de 160 mil óbitos.

Este vírus teve impacto em quase todos os países, mas há uma razão pela qual a América foi a nação mais atingida do que qualquer outro país desenvolvido. Isso deve-se ao fracasso de Donald Trump em levar este assunto a sério desde o princípio. A recusa em avançar com os testes. A indecisão quanto ao uso de máscara e no respeito pelo distanciamento social. A crença delirante de que percebe mais do assunto do que os especialistas”, apontou Kamala Harris.

Muito diferente de discursos e ações de campanha de outros anos, quase sem público – precisamente devido à situação pandémica - e a partir do ginásio de uma escola em Wilmington, no estado de Delaware – onde Biden reside – os antigos rivais uniram-se na crítica à presidência de Donald Trump.

“Precisamos de algo mais do que uma vitória no dia 3 de novembro. Precisamos de um mandato que possa provar que estes últimos anos não representam quem somos e quem queremos ser”, sublinhou Kamala Harris.
“Luta pela alma” da América
No início da campanha eleitoral para a escolha do candidato democrata, Biden e Harris trocaram fortes críticas durante um debate no ano passado. Agora que o ex-vice-presidente de Obama é candidato designado para fazer frente a Donald Trump, a mensagem foi de união contra o inimigo do outro lado da barricada.

Numa altura de grandes tensões raciais após a morte de George Floyd, em maio último, Kamala Harris, senadora pelo Estado da Califórnia e antiga procuradora-geral, destacou que Joe Biden é, até hoje, o único político norte-americano que esteve na Casa Branca “com o primeiro Presidente negro" e que escolheu pela primeira vez "uma mulher negra como parceira eleitoral”.

A candidata a vice-presidente é filha de imigrantes da Jamaica e da Índia, sendo a primeira vez que uma mulher negra almeja ao cargo através da candidatura de um dos dois principais partidos norte-americanos.

Precisamente as questões raciais também estiveram em destaque neste primeiro evento público em que a dupla democrata lembrou o terceiro aniversário da marcha supremacista branca, organizado pela extrema-direita, em Charlottesville.

Nesse dia, a 12 de agosto de 2017, um carro atropelou várias pessoas que participavam numa contramanifestação, provocando uma morte e dezenas de feridos. Na altura, Donald Trump destacou que havia pessoas boas “de ambos os lados” e que a culpa devia ser apontada tanto aos manifestantes supremacistas como aos contramanifestantes.

Soube nessa altura que estávamos numa luta pela alma desta nação. Foi quando decidi candidatar-me. E estou orgulhoso em ter comigo a senadora Harris ao meu lado nesta batalha, porque ela compartilha este sentimento com a mesma intensidade”, frisou Joe Biden.

As eleições presidenciais estão marcadas para 3 de novembro e opõe Joe Biden e Kamala Harris ao atual Presidente e vice-presidente, respetivamente, Donald Trump e Mike Pence. Nesta altura, de acordo com as últimas sondagens, os democratas contam com uma vantagem confortável que ronda os 7 por cento.
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