EUA. Kanye West vai candidatar-se às presidenciais de 2024 e pediu a Trump que fosse seu vice

por Joana Raposo Santos - RTP
Kanye West diz ter pedido a Donald Trump que fosse seu vice em 2024. Kevin Lamarque - Reuters

O rapper Kanye West, que mudou legalmente o seu nome para Ye, anunciou que vai candidatar-se às eleições presidenciais norte-americanas de 2024. A decisão chega depois de vários escândalos devido a comportamentos e declarações racistas e antissemitas e, caso se confirme, fará de Ye o segundo candidato oficial depois de Donald Trump.

O anúncio do artista foi partilhado numa série de vídeos no Twitter, acompanhados pelo slogan da campanha: Ye24. No entanto, o rapper ainda não formalizou a candidatura.

Num dos vídeos, West diz ter pedido a Donald Trump, na sua residência em Mar-a-Lago, que fosse seu vice. A proposta terá sido recebida pelo ex-presidente – e também candidato às eleições de 2024 – com desagrado.

“Aquilo que mais perturbou Trump foi eu ter-lhe pedido que fosse meu vice-presidente”, refere Kanye. “Mas acho que isso ficou no fim da lista de coisas que o apanharam desprevenido. [O que o deixou mais perplexo] foi o facto de eu ter demonstrado inteligência”.

Segundo Ye, Trump terá “começado a gritar” com ele e a dizer-lhe que iria perder nas eleições. “Será que isso alguma vez resultou com alguém? Eu disse-lhe: espera lá Trump, espera lá, estás a falar com o Ye”.


O ex-presidente republicano terá também feito comentários sobre a ex-mulher de West, a socialite Kim Kardashian. Apesar de ter censurado esses alegados comentários no seu vídeo no Twitter, o rapper diz ter ficado ofendido e pensado: “ele está a falar da mãe dos meus filhos”. West foi visto na terça-feira no clube de golfe de Trump em Mar-a-Lago, acompanhado pelo nacionalista branco Nick Fuentes.

O rapper diz ainda ter aconselhado Trump a reunir o apoio das “pessoas que os órgãos de comunicação tentaram cancelar”, como o político conservador Roger Stone, o ex-gestor da campanha presidencial Corey Lewandowski ou o apresentador de rádio Alex Jones, autor de várias teorias da conspiração.

Ye aproveitou também para falar sobre as suas crenças políticas. “Todos os cristãos na América que amam o Trump sabem que ele é conservador, e [se ele vencer] nós vamos exigir que todas as políticas sejam diretamente baseadas na Bíblia”, declarou.

Esta não é a primeira vez que Kanye West anuncia uma candidatura à presidência dos Estados Unidos, tendo acontecido o mesmo nas últimas eleições, em 2020 – quando conseguiu reunir apenas 70 mil dos 160 milhões de votos por todo o país.

Já nessa altura o rapper estava envolvido em polémicas, nomeadamente por apoiar Donald Trump. Em 2018, Ye visitou o então presidente na Casa Branca durante uma reunião para discutir a violência e o sistema prisional nos EUA.
Adidas investiga comportamentos de Kanye West
Em outubro, o Twitter bloqueou a conta do rapper norte-americano, na sequência de uma mensagem considerada antissemita. A conta foi reativada na altura em que o bilionário Elon Musk estava em negociações para comprar a rede social.

No tweet em questão, então eliminado por violar as regras daquela plataforma, West ameaçou "os judeus" e escreveu: "vocês têm estado a brincar comigo e a tentar excluir qualquer pessoa que se oponha à vossa agenda".

Dias antes, o artista esteve envolvido noutra controvérsia por ter usado, durante um desfile de moda em Paris, uma t-shirt com a mensagem "White Lives Matter", um slogan frequentemente usado pelos supremacistas brancos em resposta ao movimento antirracismo "Black Lives Matter".

Na última quarta-feira, um dia antes de anunciar a intenção de se candidatar, a gigante da roupa desportiva Adidas avançou que irá investigar acusações de assédio de Kanye West sobre antigas funcionárias.

Segundo a revista Rolling Stone, as funcionárias que trabalhavam na linha de calçado do rapper, chamada “Yeezy”, acusam-no de ter usado “pornografia, bullying e jogos psicológicos” para criar um “ambiente tóxico”.

Estas acusações surgem depois de a Adidas e outras grandes marcas, como a Gap, Skechers, Vogue ou Balenciaga terem deixado de trabalhar com Ye devido aos comentários antissemitas que este fez.

Até o seu agente, advogados e produtora musical cortaram relações com o artista de 45 anos após as polémicas. Ye revelou mais tarde ter perdido dois mil milhões de dólares num só dia.

c/ agências
pub