EUA sem condições prévias para conversar com Coreia do Norte

por Jorge Almeida - RTP
Jonathan Ernst - Reuters

O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, convidou abertamente o regime de Pyongyang para se sentar à mesa de negociações. Este novo passo está a ser encarado de forma cautelosa, mas pode ser a última oportunidade antes de um conflito bélico.

Os Estados Unidos não colocam quaisquer condições prévias para iniciar um diálogo com a Coreia do Norte em relação ao seu programa nuclear. O convite foi feito por Rex Tillerson na terça-feira, no Conselho do Atlântico, em Washington.

“Estamos prontos para conversar, sempre estivemos prontos, mas eles têm que sentar-se à mesa preparados para fazer escolhas diferentes”, afirmou Tillerson.

As palavras do secretário de Estado foram consideradas as mais concretas e diretas até ao momento, mas os analistas políticos têm dúvidas sobre o verdadeiro peso das afirmações.

É público que Trump e Tillerson já entraram em desacordo sobre a questão norte-coreana. No início do ano o Presidente dos EUA disse mesmo que “estava a perder tempo” com uma possível solução pela via diplomática.

O último teste balístico da Coreia do Norte foi o mais potente. Foto: KCNA

Questionada após as declarações do chefe da diplomacia norte-americana, a Casa Branca limitou-se a afirmar que “as opiniões do Presidente sobre a Coreia do Norte não mudaram”.
Diálogo antes de tudo
Apesar das constantes violações do regime de Pyongyang às resoluções da ONU, os grandes líderes do xadrez mundial como a Rússia e a China continuam a insistir que a resolução do problema só será possível através de negociações. “O importante é começarmos”, afirmou Tillerson.

O diretor da ACA, a Associação de Controlo de Armas, Kingston Reif, afirmou à CNN que “os EUA deixaram claro que estão prontos para conversar sem condições prévias mas quaisquer conversações seriam difíceis de manter caso não exista uma suspensão dos testes de mísseis”.

Por outro lado, Anthony Ruggiero, ex-membro do Departamento de Estado, considera demasiado arriscado não haver um acordo sobre condições iniciais com um país com uma longa história de violação de acordos internacionais.

Kim Jong-un celebra o lançamento do último míssil Hwasong 15. Foto: KCNA

“A Administração Trump deve insistir para que a Coreia do Norte se comprometa com a desnuclearização, para evitar o fracasso das negociações do passado”, aconselhou Ruggiero.

A China foi o primeiro país a reagir às declarações de Tillerson. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang, saudou todos os esforços para “aliviar a tensão” e reiterou que Pequim defende uma resolução pacífica através do diálogo.

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