O presidente da comissão parlamentar britânica que investiga o fenómeno de notícias falsas, publicou uma série de documentos internos do Facebook Inc que, afirma, indicam que a rede social continuou a permitir a algumas empresas um acesso especial aos dados dos seus usuários, mesmo depois de prometer limitar esse mesmo acesso a aplicações de terceiros.
Como exemplo, Collins apontou uma troca de documentos entre o Presidente Executivo do Facebook, Mark Zuckerberg e o executivo de topo Justin Osofsky, em 2013, que aprovaram o bloqueio do acesso aos dados de amigos à Vine, propriedade do Twitter.
Noutra troca de e-mails com outras empresas de tecnologia, o Facebook parece concordar em adicionar aplicações de terceiros a uma "lista branca" daqueles com autorização de acesso aos dados dos amigos dos usuários.
Facebook contesta
Ao todo são cerca de 250 páginas, algumas marcadas "altamente confidencial". O Facebook objetou contra a sua publicação.
Os documentos, publicados esta quarta-feira, foram obtidos pela empresa programadora de aplicações Six4Three, atualmente envolvida numa disputa legal com o Facebook e que conta apresentar os documentos para comprovar as suas queixas.
Através de um porta-voz, o Facebook rejeitou as suspeitas. "Os documentos que a Six4Three reuniu para o seu caso infundado são apenas parte da história e estão apresentados de uma forma que é muito enganadora sem contexto adicional", afirmou.
"Defendemos as alterações à plataforma feitas em 2015 para impedir uma pessoa de partilhar os dados dos seus amigos com programadores", acrescentou.
"Fica claro, nunca vendemos dados", rematou.
Acesso a gravações de chamadas
Na sua nota introdutória na apresentação dos documentos, Damian Collins sublinhou algumas das principais acusações.
O Facebook deixou algumas empresas manter o "acesso total" aos dados dos amigos dos usuários mesmo depois de anunciar alterações à sua plataforma em 2014/2015, para limitar os que os programadores podiam ver.
"Não está claro que isto tenha sido consentido pelos usuários, nem de que forma o Facebook decidiu que empresas integravam a lista branca", escreveu o deputado.
Facebook sabia que uma atualização da sua aplicação Android que lhe permitia coligir gravações de chamadas dos usuários e textos, seria controversa.
"Para mitigar quaisquer más relações públicas, o Facebook planeou tornar o mais difícil possível aos usuários saberem que esta era uma das suas características", referiu Collins.
O Facebook usou dados fornecidos pela empresa analítica israelita Onavo , para determinar que aplicações móveis estavam a ser baixadas e usadas pelo público. Usou esse conhecimento para decidir que aplicações adquirir ou tratar como ameaça, acusou também o deputado.
Há igualmente indícios de que a recusa do Facebook em partilhar dados com algumas aplicações as levou a falhar, diz ainda Collins.
Há igualmente indícios de que a recusa do Facebook em partilhar dados com algumas aplicações as levou a falhar, diz ainda Collins.