Festa de Natal em confinamento. Boris Johnson pede desculpas e assessora pede demissão
Boris Johnson pediu "desculpas sem reservas" e anunciou a abertura de um inquérito, na sequência da divulgação de um vídeo em que os funcionários de Downing Street durante um ensaio para uma conferência de imprensa dava a entender que houve uma festa de Natal a 18 de dezembro do ano passado, época em que o Reino Unido estava em confinamento. Após a ida ao Parlamento do primeiro-ministro, a assessora de imprensa na altura em que o vídeo foi gravado, Allegra Stratton, pediu a demissão.
“Posso começar por dizer que compreendo e partilho a ira de todo o país ao ver funcionários do Número 10 a parecerem não levar a sério as medidas de confinamento. E posso entender quão revoltante deve ser, pensar que as pessoas que têm definido as regras não as têm seguido, porque eu também fiquei furioso ao ver isso”, afirmou Boris Johnson.
“Peço desculpas sem reserva pela ofensa que causou para todo o país e peço desculpa pela impressão que isso transmite. Repito, senhor presidente, que me foi repetidamente assegurado, desde que surgiram estas acusações, que não houve qualquer festa e que não foram violadas quaisquer regras Covid”, sublinhou o primeiro-ministro britânico.
Boris Johnson anunciou ainda a abertura de um inquérito interno para esclarecer a situação. “Não é preciso dizer que se as regras foram quebradas, haverá procedimentos disciplinares”, garantiu.
O líder da oposição do Partido Trabalhista, Keir Starmer, acusou Johnson de "considerar o público tolo", considerando ser óbvio o que aconteceu. Ian Blackford, do Partido Nacional Escocês, pediu a demissão do primeiro-ministro.
🔺 Update: Boris Johnson has offered to help police investigate claims that a Christmas party was held in No 10 during lockdown as he apologised for leaked video https://t.co/Ubw6pWH3Eh
— The Times (@thetimes) December 8, 2021
“Vou lamentar aqueles comentários para o resto dos meus dias e ofereço as minhas profundas desculpas a todos. Esta tarde apresentei a minha demissão ao primeiro-ministro”, refere Stratton, citada pelo The Times.
Nele, Allegra Stratton, que no ano passado assegurava as relações com os jornalistas, estava num ensaio para uma conferência de imprensa, quando foi questionada sobre uma alegada festa. "Acabei de ver relatos no Twitter de que houve uma festa de Natal em Downing Street na sexta à noite. Tem conhecimento destes relatos?", pergunta um outro funcionário do governo britânico. Diante das bandeiras britânicas e no púlpito, Stratton começa por responder: "Eu fui para casa". Depois, sorri e acrescenta: "Espere. Espere…", fazendo um olhar perdido.
Na altura, milhões de britânicos estavam proibidos de fazer reuniões familiares ou de amigos e mesmo de se despedir de parentes no leito da morte. Quase 146 mil pessoas morreram de Covid-19 no Reino Unido.
Este é o mais recente episódio a gerar uma onda de críticas ao executivo britânico, após o aumento dos contratos públicos concedidos a amigos durante a pandemia, a reforma do apartamento de Boris Johnson em Downing Street e a caótica evacuação do Afeganistão.