"Foi um protesto pacífico". Trump defende apoiantes que participaram em manifestações fatais

por Joana Raposo Santos - RTP
Trump já defendeu por várias vezes que a culpa da violência nas manifestações antirracismo é da má gestão democrata. Leah Millis - Reuters

Donald Trump defendeu os seus apoiantes que têm participado nas violentas contramanifestações que atacam os protestos de Black Lives Matter nas últimas semanas, entre os quais um adolescente de 17 anos que matou duas pessoas. Segundo o Presidente, o menor terá agido em legítima defesa. Joe Biden acredita, por outro lado, que o líder da Casa Branca está a ser responsável pela violência que "não trará mudança, apenas destruição".

Donald Trump já defendeu por várias vezes que a culpa da violência nas manifestações antirracismo é da má gestão dos governadores e presidentes de Câmara democratas, voltando a fazê-lo na última conferência de imprensa da Casa Branca, na segunda-feira.

Questionado pela CNN sobre se condenava os seus apoiantes que dispararam balas de tinta durante um confronto num dos protestos do passado fim de semana, em Portland, o Presidente reconheceu que “muitas das pessoas presentes eram [seus] apoiantes, mas foi um protesto pacífico”.

Outro jornalista perguntou ao Presidente se este condenava o tiroteio que ocorreu em Kenosha, Wisconsin, alegadamente cometido por um adolescente de 17 anos que já tinha participado em comícios de Donald Trump.

O jovem, Kyle Rittenhouse, está acusado de disparar sobre três pessoas, matando duas delas. O incidente ocorreu nas manifestações antirracismo da semana passada, levadas a cabo depois de a polícia de Kenosha ter baleado Jacob Blake, um afro-americano de 29 anos que ficou gravemente ferido.

“Estamos a acompanhar essa situação”, respondeu Donald Trump na conferência de imprensa de ontem. “Essa foi uma situação interessante. Vocês viram o mesmo que eu vi, ele [Kyle Rittenhouse] estava a tentar fugir deles, ao que parece. E caiu, e começou a ser violentamente atacado”.

“Ele devia estar em apuros, provavelmente teria sido morto”, defendeu Trump, sugerindo que o adolescente terá agido em legítima defesa. “Estamos a acompanhar a situação e a mesma está a ser investigada”.

As declarações de Trump foram já criticadas por democratas, entre os quais Joe Kennedy III: “Isto é o Presidente dos Estados Unidos a justificar um duplo homicídio cometido por um homem branco que transportava ilegalmente uma arma”, criticou.
Biden: “Trump tem sido uma presença tóxica”
Entretanto, num discurso em Pittsburgh, Joe Biden aproveitou mais uma vez para condenar a violência dos protestos e para lançar críticas ao Presidente, acusando-o de fomentar a injustiça racial e de ter responsabilidade pelo estado da pandemia nos EUA.

“Sentem-se realmente seguros sob a liderança de Donald Trump?”, questionou o candidato democrata repetidamente durante o discurso.

“Quero ser muito claro quando a isto: motins não são protestos. Pilhagens não são protestos. Provocar incêndios não é protestar. Nada disso é protestar. São ilegalidades, puras e duras. E aqueles que as cometem devem ser julgados”, defendeu Biden.

“A violência não trará mudança, apenas destruição. Está errada em todos os sentidos”, considerou, acrescentando que Trump se tem recusado a apelar aos seus apoiantes que “parem de agir como militares armados neste país”, algo que revela o “quão fraco” o Presidente é.

“Donald Trump tem sido uma presença tóxica na nossa nação por quatro anos”, continuou. “Iremos nós livrar-nos desta toxicidade? Ou faremos dela uma parte permanente do caracter da nossa nação?”.

Já na segunda-feira os dois candidatos à presidência norte-americana tinham trocado acusações em torno das manifestações antirracistas que há três meses decorrem pelos vários Estados do país, com o Presidente a defender que Biden nunca será capaz de trazer "lei e ordem" para os EUA, enquanto o candidato democrata acusou Trump de "reacender as chamas do ódio e da divisão".

c/ agências
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