Horas depois de serem conhecidos os resultados das eleições legislativas, a aliança de esquerda NUPES anunciou esta segunda-feira que vai apresentar uma moção de censura contra o Governo no próximo dia 5 de julho.
A coligação de esquerda Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES) junta forças políticas diversas, incluindo o movimento França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, mas também o Partido Socialista, o Partido Comunista Francês e os Verdes
Nas eleições legislativas de domingo, esta coligação obteve 31,60% dos votos, conseguindo eleger 131 deputados.
A decisão de apresentar uma moção de censura contra o Governo foi anunciada no Twitter esta manhã, no rescaldo das eleições legislativas de domingo, que ditaram várias mudanças significativas na Assembleia Nacional.
🔴 FLASH - La #NUPES déposera une motion de censure contre le gouvernement le 5 juillet à l'Assemblée. pic.twitter.com/wvSYgiPCbl
— Nouvelle Union Populaire Ecologique et Sociale (@SoutienNUPES) June 20, 2022
Em França, tal como noutros países, a moção de censura pode, em última análise, levar à queda de um Governo. Para apresentar uma moção de censura é necessário reunir um grupo de oposição de pelo menos 58 deputados. No entanto, para que seja aprovada, a proposta deve alcançar uma maioria absoluta de 289 votos, o que obrigaria a uma aliança entre várias forças da oposição.
Segundo a nova configuração fragmentada da Assembleia Nacional francesa, em que o partido de Emmanuel Macron já não conta com uma maioria absoluta, os votos contra do Ensemble! - aliança de centristas que apoia o Presidente francês – não seriam suficientes para impedir uma eventual queda do Governo.
No entanto, é improvável que a moção de censura da coligação de esquerda reúna todos os votos necessários para derrubar o executivo indigitado por Emmanuel Macron. Necessitaria, desde logo, da aprovação por parte do Rassemblement Nacional, de Marine Le Pen, a terceira força política com mais votos na eleição de domingo, e dos Republicanos, de centro-direita.
Aurélien Pradié, do quarto partido mais votado das eleições de domingo, Les Républicans, já fechou a porta a essa hipótese, recusando participar "numa caça ao homem ou caça à mulher".
"Não tenho simpatia política por Elisabeth Borne, mas isso não quer dizer que me envolva com os Insubmissos, com quem não tenho nada em comum", afirmou o secretário-geral dos Republicanos, citado pela BFMTV.
Por sua vez, o Rassemblement Nacional ainda não se compromete com um sentido de voto. "Vamos ter uma reunião, não sei", adiantou Laure Lavalette, deputada eleita pelo partido.