O Governo francês proibiu esta quarta-feira o uso de hidroxicloroquina no tratamento de doentes com Covid-19 depois de dois organismos de saúde pública se terem declarado contra o uso deste fármaco. A decisão surge depois de um estudo ter provado não só a ineficácia deste medicamento no contexto da pandemia, como o aumento do risco de morte dos pacientes.
A decisão foi tomada depois de o Conselho Superior de Saúde Pública e a Agência Nacional de Segurança de Medicamentos e Produtos de Saúde terem emitido um parecer negativo sobre a prescrição deste medicamento no tratamento da Covid-19.
As apreciações negativas dos dois organismos de saúde pública franceses seguem-se ao estudo publicado na semana passada na revista científica The Lancet que desaconselha o uso de hidroxicloroquina como tratamento contra o novo coronavírus, dado que aumenta substancialmente o risco de morte dos pacientes.
O Conselho Superior de Saúde Pública considerou que as descobertas desta investigação, assim como outros estudos e opiniões depreciativas de outras autoridades de saúde, justificam “não usar hidroxicloroquina isoladamente ou em combinação com um antibiótico para o tratamento de Covid-19 em pacientes em ambulatório ou hospitalizados, qualquer que seja o nível de gravidade”.
No dia em que foi publicado o estudo na The Lancet, o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, escreveu na sua rede social Twitter que pediu ao Conselho Superior de Saúde Pública uma análise às conclusões e ofereceu 48 horas para “uma revisão das regras derrogatórias da prescrição”.
O uso do antimalárico como tratamento da Covid-19 passou a ser alvo de várias discussões, na medida em que a hidroxicloroquina era utilizada em alguns países para esse fim mas sem existir nenhuma investigação que apoiasse a sua eficácia no contexto da atual pandemia.
Nos últimos dias, o fármaco ganhou ainda mais protagonismo depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter admitido que tomava diariamente este medicamento para prevenir a infeção pelo novo coronavírus. Trump defendia que existiam “sinais muito fortes” de que o antimalárico funcionava como tratamento da Covid-19. O estudo da The Lancet é, por isso, o primeiro ensaio em larga escala sobre os efeitos da cloroquina e da hidroxicloroquina em doentes de Covid-19 e os seus resultados são claros quanto à sua ineficácia e riscos.
O estudo também levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a suspender temporariamente os ensaios clínicos co hidroxicloroquina para combater a Covid-19.