Gaza sem paz. Netanyahu acusa França, Reino Unido e Canadá de darem "grande prémio" ao Hamas
O primeiro-ministro israelita respondeu após França, Reino Unido e Canadá terem condenado as "ações flagrantes" de Israel em Gaza e terem ameaçado com uma ação conjunta se a ofensiva continuar. Benjamin Netanyahu considerou que a declaração conjunta dos líderes ocidentais era um "grande prémio" para o Hamas nesta guerra, numa altura em que prosseguem os ataques aéreos na Faixa de Gaza. Por sua vez, a ONU avisa que 14 mil bebés podem morrer nas próximas 48 horas sem ajuda humanitária.
Na segunda-feira o presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, criticaram o bloqueio da ajuda humanitária ao território palestiniano, assim como os comentários dos ministros israelitas que ameaçaram com a deslocação em massa de palestinianos.
"Não ficaremos parados enquanto o Governo de Netanyahu prossegue com estas ações flagrantes", afirmaram. "Se
Israel não cessar a renovada ofensiva militar e levantar as restrições à
ajuda humanitária, tomaremos novas medidas concretas em resposta".
Na sequência da rara declaração conjunta dos líderes a exigir que Israel mude de rumo, Netanyahu disse que esta era um "grande prémio" para o movimento radical palestiniano Hamas na guerra.
"Ao pedir a Israel que ponha fim a uma guerra defensiva pela nossa sobrevivência antes que os terroristas do Hamas na nossa fronteira sejam destruídos e ao exigir um Estado palestiniano, os líderes em Londres, Otava e Paris estão a oferecer um grande prémio pelo ataque genocida contra Israel em 7 de outubro, ao mesmo tempo que convidam a mais atrocidades semelhantes", afirmou o gabinete do primeiro-ministro israelita em comunicado.
Segundo Benjamin Netanyahu, "todos os líderes europeus" deveriam seguir o exemplo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no apoio a Israel, que prossegue com ataques aéreos à Faixa de Gaza: nas últimas horas, morreram pelo menos 44 palestinianos, segundo os socorristas palestinianos.
"A guerra pode terminar amanhã se os reféns restantes forem libertados, o Hamas depor as armas, os seus líderes assassinos forem exilados e Gaza for desmilitarizada. Não se pode esperar que nenhuma nação aceite menos do que isso e Israel certamente não o fará", declarou Netanyahu.
"Esta é uma guerra da civilização contra a barbárie. Israel continuará a defender-se por meios justos até alcançar a vitória total".
Mais de 14 mil bebés em risco de vida
O chefe humanitário da ONU, Tom Fletcher, criticou já esta terça-feira a quantidade de ajuda que Israel está a deixar entrar em Gaza, alertando que 14 mil bebés podem morrer nas próximas 48 horas, caso a assistência humanitária não chegue a tempo.
"Quero salvar o máximo possível desses 14 mil bebés nas próximas 48 horas", disse Tom Fletcher ao programa Today da BBC Radio 4.
O dirigente da ONU explicou que, na sequência do anúncio de domingo à noite de desbloqueio de ajuda por Israel, devido à pressão internacional, apenas cinco camiões de ajuda humanitária entraram na segunda-feira no território, deixando do outro lado da fronteira camiões de ajuda que contêm alimentos para bebés e nutrição.
Após 11 semanas de bloqueio que empurraram a população palestiniana para uma "crise de fome", Tom Fletcher descreveu a ajuda como uma "gota no oceano" e totalmente inadequada para as necessidades da população.
Israel autoriza entrada de 100 camiões de ajuda
Israel autoriza entrada de 100 camiões de ajuda
Após as negociações com as Nações Unidas, Israel autorizou esta terça-feira a entrada de 100 camiões de ajuda humanitária da ONU na Faixa de Gaza, de acordo com o porta-voz do Gabinete de Assuntos Humanitários da organização, Jens Laerke.
Hussam Al-Masri - Reuters
Numa conferência de imprensa, o porta-voz anunciou também que as Nações Unidas vão poder recuperar os primeiros cinco camiões de ajuda humanitária enviados desde que Israel deu autorização de entrada de uma "quantidade básica de alimentos" para evitar a fome na Faixa de Gaza.