Governo da Extremadura considera inadmissível que Lisboa e Madrid não tenham ligação de comboio

por Lusa

A presidente da região espanhola da Extremadura, María Guardiola, considerou esta segunda-feira inadmissível que Lisboa e Madrid não estejam ligadas por comboio direto e rápido e pediu para este tema ser colocado na agenda das eleições europeias.

"Tal como Bruxelas e Paris, Lisboa e Madrid têm de estar ligadas por alta velocidade de uma maneira direta e sem transbordos", afirmou María Guardiola no VIII Fórum do Corredor do Sudoeste Ibérico Ligação Madrid-Lisboa, que decorreu hoje na capital espanhola.

A presidente do governo autonómico da Extremadura, região na fronteira com o Alentejo e a Beira Interior, considerou "injustificável e inadmissível" que duas capitais da União Europeia não tenham uma ligação direta por comboio.

María Guardiola realçou que, ironicamente, Espanha é o país europeu e o segundo do mundo (a seguir à China) com mais quilómetros de alta velocidade, mas a região da Extremadura está fora desse mapa ferroviário e não existem ligações com Portugal de comboio rápido.

A presidente da Extremadura lembrou que ir de Lisboa a Madrid em comboio demora hoje nove horas e meia e obriga a dois transbordos e que a única forma de fazer o percurso de forma direta é de avião ou por estrada, dois tipos de transporte muito poluentes, ao contrário da ferrovia, a aposta europeia para a mobilidade sustentável.

Para Guardiola, a ligação ferroviária rápida e direta entre as duas capitais está justificada, por exemplo, pelo número de passageiros nos aviões entre Lisboa e Madrid, que disse representarem o maior número de viajantes internacionais do aeroporto espanhol.

As eleições europeias de junho são "o momento perfeito" para reivindicar a concretização da ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid até 2030, como está previsto em diversos documentos europeus, até para que o campeonato de futebol que Espanha, Portugal e Marrocos vão organizar naquele ano seja "um mundial em condições", defendeu María Guardiola.

A presidente da Junta da Extremadura (governo regional) pediu por isso a todos os candidatos que "mostrem claramente o compromisso com um assunto de vital importância" para o desenvolvimento económico e social de Portugal, de Espanha e da União Europeia.

"A alta velocidade tem de ser uma realidade entre as duas capitais ibéricas", sublinhou María Guardiola, que acrescentou que não se podem "permitir mais atrasos e desprezos".

Guardiola, que lidera um governo de coligação do Partido Popular (PP, direita) e do Vox (extrema-direita), sublinhou que este tema "não é de ideologias, cores, idades ou profissões" e une toda a Extremadura, sendo, na verdade, uma das "reivindicações históricas" da região "que se herdam de geração em geração".

Não há atualmente comboios entre Lisboa e Madrid, de alta velocidade ou de outro tipo (nem na Extremadura, passando por Elvas e Badajoz, nem em Castela e Leão, na passagem por Vilar Formoso e Fuentes de Oñoro).

A ligação ferroviária por Vilar Formoso-Fuentes de Oñoro (por onde passava o SudExpress, com destino à fronteira francesa de Hendaia) foi interrompida em março de 2020, por causa da pandemia, e nunca mais foi recuperada, por falta de interesse da operadora espanhola.

Em 2011 havia já sido suspenso o comboio Lusitânia, a única ligação direta de comboio entre Lisboa e Madrid, que se fazia pela fronteira Caia-Badajoz.

A ligação entre Porto e Vigo deverá ser a primeira ligação ferroviária de alta velocidade entre Espanha e Portugal.

Em novembro do ano passado, a Infraestruturas de Portugal (IP) apontou para 2027/2028 o arranque das obras da ligação ferroviária de alta velocidade entre Porto e Vigo, revelando que decorrem já estudos nos dois países.

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