Governo de Damasco acusado de usar gás de cloro em Ghouta Oriental

por Graça Andrade Ramos - RTP
Reuters

A organização capacetes brancos acusa as forças leais ao Presidente Bashar al-Assad de usar gás de cloro nos mais recentes bombardeamentos de Ghouta Oriental, um subúrbio da capital síria dominado por grupos armados anti-Assad.

Nas últimas horas, o Governo sírio terá intensificado os bombardeamentos contra o enclave numa tentativa de abrir caminho às forças terrestres leais a Assad.

Pelo menos 10 civis morreram nos novos ataques, afirma a ONG OSDH, Observatório Sírio para os Direitos Humanos, baseada em Londres. Entre as dez vítimas mortais encontram-se nove membros de uma mesma família, incluindo três crianças.

Já o gás de cloro terá sido utilizado domingo, de acordo com responsáveis médicos locais. Os capacetes brancos falam em dezenas de pessoas com dificuldade em respirar.
Na sua página da rede Twitter, a organização diz que uma criança morreu devido à inalação do gás.

A oposição síria refere por seu lado que pelo menos 18 pessoas tiveram de receber assistência respiratória no hospital de Al-Shifaniyah.

O comunicado da oposição síria acrescenta que os sintomas apresentados são consistentes com "exposição a gás de cloro", tais como "dispneia, irritação intensa das membranas mucosas, irritação dos olhos e tonturas".

Moscovo, aliado de Damasco, já refutou as alegações.

Os bombardeamentos de domingo terão feito pelo menos 27 mortos, afirma um resporter da Al Jazeera, presente no local. Mohammed Al Jazaeri diz que os bombardeamentos têm atingido "vários bairros e distritos através da cidade".
"Parar com este inferno na Terra"
Este domingo, o Conselho de Segurança da ONU conseguiu finalmente consenso para aprovar uma resolução de tréguas humanitária de 30 dias em Ghouta Oriental, decisão que está a ser inteiramente ignorada no terreno.

Segunda-feira de manhã, o secretário-geral da ONU exigiu que a resolução seja "imediatamente aplicada".

"Eu espero que a resolução seja imediatamente aplicada, (...) para que os serviços humanitários possam atuar de imediato", disse António Guterres, em Genebra.

"Ghouta Oriental não pode esperar, já é tempo de parar com este inferno na Terra", acrescentou.


O apelo foi reforçado pelo responsável pela agência de Direitos Humanos da ONU, o jordano Zeid Ra'ad Zeid Al-Hussein, que denunciou a continuação dos bombardamentos no enclave.

O diretor da OSDH afirmou contudo à Agência France Press que, apesar de contínuos, "os bombardeamentos baixaram de intensidade relativamente ao pico de violência da semana passada".

O Governo sírio lançou dia 18 de fevereiro uma ofensiva aérea de uma violência sem precedentes contra Ghouta Oriental, o último reduto anti-Assad às portas de Damasco.

Em sete dias, os bombardeamentos fizeram mais de 500 mortos, de acordo com o OSDH.

Os ataques são um prelúdio ao avanço terrestre para reconquistar o sector, a partir do qual grupos armados islamitas têm lançado granadas de morteiro e organizado atentados suícidas contra a capital.

Ghouta Oriental é dominada desde 2013 pelos grupos armados islamitas anti-Assad. O enclave, onde moram cerca de 400 mil pessoas, tem estado cercado pelo exército sírio desde então.





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