Governo espanhol opta por poder discreto mas efetivo sobre a Catalunha

por Inês Geraldo - RTP
A Generalitat mantém as bandeiras da Catalunha e Espanha hasteadas Reuters

O objetivo da vice-presidente de Mariano Rajoy, Soraya Saénz de Santamaría, que ficou com a responsabilidade de liderar a Catalunha, é que a atuação do Governo central espanhol seja efetiva, mas não seja vista como uma ocupação na região. Com a aplicação do artigo 155 da Constituição, que suspende a autonomia da Catalunha, será esta segunda-feira que os membros do Executivo terão um primeiro contacto com responsáveis de várias delegações catalãs para saber qual a abertura para trabalhar sob a direção de Madrid.

Após a declaração de independência, Mariano Rajoy anunciou a suspensão da autonomia da Catalunha, aplicando o artigo 155 e marcando eleições para o próximo dia 21 de dezembro. Esta segunda-feira vários membros do Governo terão o primeiro contacto com as instituições catalãs para perceber como irão decorrer os próximos 50 dias.O Senado espanhol aprovou na sexta-feira a aplicação do artigo 155 da Constituição à Catalunha, pouco depois de ter sido votada no Parlament catalão a declaração de independência.


Com a saída de vários responsáveis das delegações da Generalitat (por via de decretos publicados na madrugada de sábado), cabe a Mariano Rajoy e Soraya Saénz de Santamaría delegar nos restantes membros do Executivo o primeiro contacto com os números dois e três de cada delegação, para saber se estes estão dispostos a liderar as instituições.

Assim, o objetivo do Governo central espanhol será, segundo o jornal La Vanguardia, fazer passar a ideia de que durante a vigência do artigo 155 não haverá uma ocupação efetiva das principais instituições da Catalunha, mantendo a aparente autonomia da região.

O Governo espanhol garantiu que não quer nomear ninguém para os cargos catalães, tirando algumas exceções. De acordo com El País, várias fontes ministeriais garantiram que querem apenas falar com os responsáveis das delegações e pedir que o trabalho anteriormente realizado seja continuado.
Incógnitas
A esperança do Executivo de Mariano Rajoy é que a atuação do Governo seja já aceite e que até às eleições a situação com a Catalunha se desenrole com maior normalidade. No entanto, há um grande receio por não se saber ainda como vão reagir Carles Puigdemont e Oriol Junqueras, presidente e vice-presidente depostos.

Outra das preocupações de Madrid prende-se com o que os responsáveis das delegações vão fazer. O Governo central quer fazer saber que nenhum deles pode estar presente em edifícios públicos e para isso espera-se uma atuação positiva dos Mossos d’Esquadra.

Apesar da vontade em não intervir na escolha dos responsáveis das delegações políticas da Catalunha, o Governo espanhol garante que está preparado para o caso de ser obrigado a nomear novos membros. Ainda assim, os membros do Executivo de Rajoy esperam reações diferentes em cada instituição.

Roberto Bermúdez de Castro, secretário de estado da ministra da Administração Territorial, Soraya Saénz de Santamaría, vai deslocar-se a Barcelona para ter uma reunião com a sua homóloga catalã e garantiu que a missão do Governo é supervisionar e coordenar os trabalhos na Catalunha, lembrando que uma intervenção direta só vai acontecer caso seja necessária.
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