No seu discurso de apresentação das medidas para melhorar as Finanças Públicas, François Bayrou apelou ao aumento da produção nacional : "É preciso que toda a Nação trabalhe mais para produzir", afirmou. Neste sentido, o governo francês propõs a eliminação de dois dos 11 feriados oficiais, por exemplo, "a segunda-feira de Páscoa, que não tem qualquer significado religioso, e no dia 8 de maio", a data em que se comemora o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa.
"Um plano para dizer chega à dívida"
Bayrou lamentou que a França se tenha "tornado viciada em gastos públicos", recordando que é o país do mundo que "gasta mais dinheiro público", e acrescentou que "é o Estado que deve dar o exemplo e estabilizar as suas despesas, e até
reduzir o seu nível de vida". O objetivo estabelecido pelo Governo francês é: reduzir o défice para 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, contra 5,8% em 2024.
De acordo com o chefe do Governo francês,
"um país que não consegue chegar ao fim do mês sem pedir empréstimos e
que, um belo dia, não encontra mais credores, não consegue pagar aos
funcionários públicos, não consegue pagar as pensões. Então, não há mais
saída. E então, sem sombra de dúvida, esse país não pode sobreviver. É
obrigado a ceder", disse, recordando o caso da Grécia.
Supressão de cargos públicos
Neste sentido, o primeiro-ministro francês anunciou a supressão de três mil cargos públicos em 2026, que deverá ocorrer através da não substituição de um em cada três funcionários públicos.
Questionado pelos cortes na função pública, Bayrou considerou que "não se pode ignorar a evolução demográfica" e que se deve "aproveitar" o facto de muitos funcionários irem para a reforma nos próximos anos "para regular o número de funcionários públicos".
"Um esforço equitativo à Nação"
François Bayrou anunciou que a França vai instituir uma "contribuição de solidariedade" aos "mais ricos", considerando que "o esforço da nação deve ser equitativo" para conter o aumento da dívida. "Será criada uma contribuição de solidariedade" para "pedir pouco àqueles que têm pouco e mais àqueles que têm mais", declarou Bayrou, remetendo detalhes do imposto para o Parlamento.
Nesta matéria, o primeiro-ministro francês também anunciou "medidas complementares para combater a otimização abusiva de patrimónios não produtivos".
Depois de apresentadas as propostas para o Orçamento do Estado para 2026, François Bayrou disse que não se importa com o "risco" de censura das oposições, argumentando que o seu Executivo - que não dispõe de uma maioria na Assembleia - "quer mudar as coisas" e tem o "dever e o desejo de derrubar os obstáculos".
Muitas criticas e ameaças de censura
O Rassemblement National (RN), de Marine Le Pen, e o La France Insoumise (LFI), de Jean-Luc Mélénchon já ameaçaram com censura , por sua vez o Partido Socialista denunciou um orçamento "brutal e inaceitável".
O presidente do partido de extrema-direita francesa considerou a proposta de suprimir dois feriados para reduzir a dívida pública uma "provocação"e avançou que "nenhum deputado do RN aceitará esta medida", numa publicação no X. Segundo Jordan Bardella, trata-se de "um ataque direto contra a nossa História, contra as nossas raízes e contra a França do trabalho". "Se François Bayrou não revir a sua proposta, vamos censurá-lo", ameaçou Marine Le Pen.
A líder do Rassemblement National acusou o Governo de François Bayrou de preferir "atacar os franceses, os trabalhadores e os reformadores, em vez de combater o desperdício ou debruçar-se sobre "os custos da imigração".
Por outro lado, o líder da extrema-esquerda francesa Jean-Luc Mélénchon denunciou "a violência social do plano Bayrou" que considerou ser irrealista e insuficiente para proteger os franceses.
"Tudo isto merece uma censura sem ilusões nem palavreado", escreveu Mélenchon no X, convidando o RN e o PS a romper o pacto de não censura e a derrubar o Governo, "Bayrou e os seus planos continuam vivos graças a eles. Agora, é preciso expulsá-lo", acrescentou.
Para o deputado socialista e presidente da bancada parlamentar do PS, Boris Vallaud, trata-se de "um orçamento brutal e inaceitável". "Pedir sempre mais àqueles que têm pouco (...) e tão pouco àqueles que têm
muito não é sério, nem eficaz, nem justo", escreveu no X.