Greta Thunberg em Lisboa: "Nenhum país do mundo está a fazer o suficiente"

por RTP
Greta Thunberg na chegada a Lisboa esta terça-feira. Pedro Nunes - Reuters

A ativista está de passagem por Portugal após ter atravessado o Atlântico num catamarã. Segue agora viagem para Madrid, onde vai participar na cimeira do clima (COP25) que começou esta segunda-feira.

A chegada de Greta Thunberg era esperada para esta terça-feira, entre as 8h00 e as 10h00, mas aconteceu apenas pouco antes das 13h00.

A jovem ativista sueca foi recebida na Doca de Santo Amaro pelo presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, o vereador da Câmara de Lisboa, Manuel Grilo, e por dezenas de ativistas portugueses.

Na conferência de imprensa à chegada a Lisboa, Greta Thunberg agradeceu a receção calorosa e prometeu fazer todos os possíveis "continuar a pressionar" os líderes políticos a tomarem ações contra as alterações climáticas.

"Enfrentamos uma urgência global e temos de trabalhar em conjunto para salvar a vida da humanidade", disse a jovem ativista sueca, frisando que "todos devem fazer o que puderem para garantir que estão do lado certo da história".

"Precisamos de todos. Espero que cada um de vós seja ativo e lute pelo futuro", acrescentou.

Questionada pelos jornalistas sobre os esforços de Portugal no sentido de abraçar a neutralidade carbónica, Greta Thunberg afirmou não conhecer em profundidade este tema, mas criticou: "Nenhum país do mundo está a fazer o suficiente".

A jovem ativista sueca foi recebida na Doca de Santo Amaro pelo presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, e pelo vereador da Câmara de Lisboa, Manuel Grilo, e por dezenas de ativistas portugueses.



Sobre os resultados esperados na conferência que se realiza em Madrid, Greta Thunberg espera que os líderes mundiais "compreendam a emergência da situação" e que "oiçam os cientistas".

"Quem está no poder tem de dar ouvidos à ciência. Não nos compete a nós, crianças e adolescentes, apresentar qualquer tipo de plano", disse a jovem perante dezenas de ativistas que se juntaram esta terça-feira na Doca de Santo Amaro.



Questionada sobre os críticos que lhe apontam o facto de ser uma "criança zangada", Greta Thunberg considerou que "as pessoas subestimam a força das crianças zangadas".

"Estamos zangados e frustrados por uma boa razão", acrescentou.

Greta Thunberg vai ficar alguns dias em Lisboa e segue depois viagem de comboio para Madrid, onde vai participar na COP25.

"Vou ficar em Lisboa alguns dias, tenho estado isolada, tenho de descansar e de me organizar, e depois irei para Madrid", explicou, garantindo ainda que vai participar na grande manifestação pelo clima na capital espanhola na próxima sexta-feira.

A cimeira anual do clima da ONU começou na segunda-feira e reúne 195 países para discutir as ações a tomar contra as alterações climáticas. 
"Uma das vozes mais notáveis"
Fernando Medina falou ainda antes de Greta Thunberg. O autarca de Lisboa considerou "um grande privilégio" receber a ativista.

"Esta é uma cidade que está de portas abertas e de braços abertos para a receber", disse o autarca, sublinhando que a adolescente "é uma das vozes mais notáveis a lutar por todos nós".

"Precisamos de uma voz ainda mais potente da sua parte. Precisamos de agir em conjunto para ganhar esta batalha", frisou o presidente da Câmara de Lisboa.

Fernando Medina considerou ainda que "o mundo não está neste momento com uma estratégia para vencer as alterações climáticas. (...) Temos de fazer mais e mais rápido, ou corremos o risco de entrar uma situação incontrolável".

Greta Thunberg tornou-se conhecida nos últimos meses pelo ativismo em defesa do ambiente e a denúncia de falta de medidas dos políticos para fazer face às alterações climáticas.

A adolescente de 16 anos participou em setembro último numa cimeira sobre alterações climáticas em Nova Iorque. Recusou-se a viajar de avião e optou por uma solução mais ecológica, viajando para os Estados Unidos num barco à vela.  

Sobre a viagem que realizou para os Estados Unidos em setembro e a viagem de regresso à Europa, Greta Thunberg reconhece que é impossível que o seu exemplo seja seguido por todos.

"Não estou a viajar assim para que todos o façam. Estou a viajar assim como símbolo, para enviar uma mensagem", disse a jovem ativista. "Não estou a fizer a ninguém como deve viajar, (...) apenas a mostrar que há alternativas mais sustentáveis", acrescentou.

Previa-se que Greta Thunberg seguisse viagem para o Chile, onde deveria ter decorrido a cimeira anual da ONU sobre o clima.

No entanto, o país renunciou à organização do encontro no final de outubro devido à enorme instabilidade que se tem feito sentir nos últimos meses com protestos nas ruas.

A conferência foi relocalizada para Madrid, Espanha, e para participar a tempo no encontro sobre o clima, Greta Thunberg viajou desde os Nova Iorque até Lisboa no catamarã La Vagabonde ao longo dos últimos 21 dias.
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