Guerra EUA-Coreia do Norte: uma ameaça adiada

por Jorge Almeida - RTP
Reuters

Apesar das ameaças e da retórica belicista dos altos responsáveis da Coreia do Norte e dos Estados Unidos, os analistas consideram que uma guerra entre os dois países está longe de estar iminente.

O presidente Donald Trump diz que a coreia do Norte vai ver “o fogo e a fúria dos Estados Unidos”, enquanto Kim Jong Un ameaça dar-lhe uma “severa lição”.

Por enquanto, a guerra é apenas de palavras e segundo os especialistas militares uma guerra entre os dois países ainda está longe de acontecer.

Bombardeiros norte-americanos B2 Spirit na base de Guam, no Pacífico. Foto: Reuters

As forças norte-americanas não estão em posição para atacar a Coreia do Norte. Os analistas consideram que montar uma ofensiva militar em larga escala demoraria várias semanas ou meses.

O general na reserva do exército norte-americano , Mark Hertling, afirmou à CNN que primeiro seria preciso retirar as dezenas de milhares de civis dos EUA que vivem na Coreia do Sul.

Depois teria que haver um grande reforço militar naquela zona do globo com forças terrestres, navais e aéreas, posicionadas numa primeira fase no Japão e na base de Guam no oceano Pacífico.

Vista aérea da base de Guam dos EUA no oceano Pacífico. Foto: Reuters

A Coreia do Norte tem milhares de peças de artilharia convencional que podem atingir a Coreia do Sul. Os estudos indicam que no primeiro dia de batalha pode haver dezenas de milhares de baixas sul-coreanas.

A aviação norte-americana iria precisar de várias semanas para destruir as posições de artilharia norte-coreanas, tal como aconteceu na Operação Tempestade no Deserto em 1991 contra o Iraque.

O desembarque de tanques e tropas terrestres dos EUA na Coreia do Sul para progredirem para o norte da península seria outra fase da ofensiva militar que demoraria algumas semanas.

O ex-diretor do centro de intelligence do Comando do Pacífico dos EUA, Carl Schuster, considera que primeiro teria que ser lançada uma guerra eletrónica e serem destruídas as defesas aéreas do regime norte-coreano.

Só depois desta fase, os bombardeiros pesados podiam entrar em ação para destruir os abrigos de mísseis.
Kim não quer “desaparecer de cena”
Os peritos militares pensam que será difícil passar das palavras aos atos. Carl Schuster não espera nenhum ataque norte-coreano à base de Guam ou a qualquer outro lugar.

Kim Jong Un num centro de comando militar: Foto: Reuters/KCNA

Na sua avaliação existem três pontos importantes:

1 - As ameaças de Kim Jon Un são em grande parte fanáticas;
2 - Os mísseis norte-coreanos nunca foram testados numa batalha real e o seu desempenho deve estar longe de ser certeiro;
3 - Os EUA iriam atacar de uma forma que Kim Jong Un não iria resistir e seria o fim do regime. Ora, o líder norte-coreano não quer desaparecer de cena.
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