Mundo
Guerra no Médio Oriente
Hamas diz que esforços para o cessar-fogo em Gaza "se intensificaram nas últimas horas"
Um alto funcionário do Hamas disse à BBC esta quinta-feira que os mediadores intensificaram os esforços para mediar um novo cessar-fogo e um acordo de libertação de reféns em Gaza, mas as conversações com Israel continuam estagnadas. Entretanto, os meios de comunicação palestinianos noticiaram durante a noite que as Forças de Defesa de Israel (FDI) lançaram fortes ataques contra Jabalia, no norte de Gaza.
Os comentários surgiram no momento em que o presidente dos EUA, Donald Trump, avançou que estavam a ser feitos "grandes progressos" desde o fim da guerra de 12 dias entre Israel e o Irão, na terça-feira, e que o seu enviado para o Médio Oriente, Steve Witkoff, acreditava que um acordo entre Israel e o Hamas estava "muito próximo".
"Penso que estão a ser feitos grandes progressos em Gaza, devido a este ataque que fizemos", disse Donald Trump em Haia na quarta-feira, durante a conferência de imprensa na Cimeira da NATO, numa referência ao ataque dos EUA às instalações nucleares iranianas.
Pouco depois das declarações de Trump, o alto funcionário do Hamas disse à BBC que os mediadores estavam “envolvidos em contactos intensivos com o objetivo de chegar a um acordo de cessar-fogo”, mas acrescentou que até ao momento "não tinham recebido qualquer nova proposta até à data".
Do lado de Israel, um funcionário israelita disse ao jornal Haaretz que não se registaram progressos nas negociações e que os principais desacordos com o movimento islamita Hamas continuam por resolver. Os esforços dos EUA, do Catar e do Egito estagnaram no final do maio, devido a alterações "totalmente inaceitáveis" pedidas pelo Hamas, de acordo com Witkoff.
Segundo o ministério da Saúde do Hamas, os ataques israelitas na Faxa de Gaza, na quarta-feira, mataram pelo menos 45 palestinianos. Entretanto, o exército israelita delcarou que sete soldados foram mortos no terreno durante um ataque do Hamas no sul de Gaza, na terça-feira.
Após um cessar-fogo entre Israel e o Hamas de dois meses, Israel retomou a sua ofensiva militar em Gaza a 18 de março com o objetivo de pressionar o Hamas a libertar cinquenta reféns ainda detidos, dos quais pelo menos vinte estariam vivos.
No início de março, Telavive impôs um bloqueio total à ajuda humanitária, parcialmente levantado quase três meses depois após pressão internacional, feita pelos aliados dos EUA e dos avisos de peritos mundiais que alertaram para o perigo de fome de meio milhão de pessoas.
"Armadilha mortal"
Em simultâneo, foi criado um novo sistema de distribuição de ajuda pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiado por Israel e pelos EUA, mas rejeitado pelas Nações Unidas, que alegam violação dos princípios humanitários fundamentais. Segundo eles, o sistema evitaria que a ajuda fosse roubada pelo Hamas, o que o movimento islamita recusa ter feito.
Desde o inicío das operações da GHF a 26 de maio, houve vários relatos de mortes nas proximidades dos centros de distribuição, com mais de 549 mortos e 4 mil feridos, segundo o ministério da Saúde de Gaza. Tanto Israel como a GHF negam responsabilidade.
Com as atenções viradas para o conflito entre Israel e o Irão nos últimos dias, têm-se multplicado os relatos das centenas de pessoas abatidas a tiro por militares israelitas quando tentam chegar aos centros de ajuda alimentar.
Segundo o respnsável da UNRWA, o recém-criado "mecanismo de ajuda" é "uma armadilha mortal que custa mais vidas do que salva". "É uma abominação que humilha e degrada pessoas desesperadas”, declarou Philippe Lazzarini.
Desde o início da ofensiva israelita na Faixa de Gaza, que pelo menos 56.157 mil pessoas foram mortas no enclave palestiniano, segundo dados do ministério da Saúde do Hamas. Uma ofensiva levada a cabo em resposta ao ataque do Hamas a Israel a 7 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e 251 outros reféns.