Num altura em que se prepara para abandonar a liderança do Hamas, a atual liderança de Khaled Meshaal vai apresentar uma nova carta constitucional do movimento islamita palestiniano, que irá ser mais moderada do que a anterior, intocada nos últimos 30 anos.
O novo documento deverá ser apresentado por Meshaal esta segunda-feira, em Doha, capital do Qatar, onde se encontra exilado.
O documento irá reconhecer as fronteiras de 1967 e sublinhar o caracter "político" e não religioso da luta com Israel, referiu um alto quadro do Hamas, sob anonimato à Agência France Presse, AFP.
Haniyeh deverá muito provavelmente substituir Meshaal, que já cumpriu dois mandatos máximos autorizados.
As eleições internas do Hamas iniciaram-se em janeiro e estão a chegar ao fim, com a eleição do futuro chefe do movimento, pelas direções da Faixa de Gaza, da Cisjordânia ocupada e no exílio, referiu por seu lado o alto quadro, sublinhando ainda que os resultados deverão ser anunciados "antes de 15 de maio".
O futuro dirigente do Hamas "residirá em Gaza, conforme a sua escolha e a de numerosos membros e irá deslocar-se de acordo com as suas necessidades e condições", acrescentou a mesma fonte.
No seu adeus à liderança, Meshaal irá apresentar a nova carta constituinte do movimento islamita, resultado de um debate interno "nos últimos quatro anos", afirmou por seu lado à AFP, Bassem Naïm, alto quadro da Faixa de Gaza do movimento islamita.
As negociações permitiram um novo documento que acrescenta à carta constitucional original de 1988, que não será abandonada.
A principal modificação é o reconhecimento do Estado da Palestina segundo as fronteiras de 1967, explicou o alto quadro anónimo do Hamas.
O texto irá enunciar claramente o objetivo de instaurar um "Estado da Palestina soberano com a capital em Jerusalém dentro das fronteiras de 1967", referiu.
O Hamas jurou destruir Israel e apresenta-se como a ponta de lança da "resistência" palestiniana à ocupação israelita. Desde 2008 combateu por três vezes Israel em Gaza.