Hamas prepara reconhecimento de fronteiras de 1967

por Graça Andrade Ramos - RTP
O líder do Hamas no exílio, Khaleed Meshaal em Doha, em setembro de 2015 Naseem Zeitoon - Reuters

Num altura em que se prepara para abandonar a liderança do Hamas, a atual liderança de Khaled Meshaal vai apresentar uma nova carta constitucional do movimento islamita palestiniano, que irá ser mais moderada do que a anterior, intocada nos últimos 30 anos.

O novo documento deverá ser apresentado por Meshaal esta segunda-feira, em Doha, capital do Qatar, onde se encontra exilado.

O documento irá reconhecer as fronteiras de 1967 e sublinhar o caracter "político" e não religioso da luta com Israel, referiu um alto quadro do Hamas, sob anonimato à Agência France Presse, AFP.

Os resultados da eleição da nova direção e do seu líder deverão entretanto ser anunciados "nos próximos dias" referiu o atual número dois do gabinete político do Hamas, Ismaïl Haniyeh, esta tarde em Gaza, citado pela AFP.

Haniyeh deverá muito provavelmente substituir Meshaal, que já cumpriu dois mandatos máximos autorizados.

As eleições internas do Hamas iniciaram-se em janeiro e estão a chegar ao fim, com a eleição do futuro chefe do movimento, pelas direções da Faixa de Gaza, da Cisjordânia ocupada e no exílio, referiu por seu lado o alto quadro, sublinhando ainda que os resultados deverão ser anunciados "antes de 15 de maio".

O futuro dirigente do Hamas "residirá em Gaza, conforme a sua escolha e a de numerosos membros e irá deslocar-se de acordo com as suas necessidades e condições", acrescentou a mesma fonte.

No seu adeus à liderança, Meshaal irá apresentar a nova carta constituinte do movimento islamita, resultado de um debate interno "nos últimos quatro anos", afirmou por seu lado à AFP, Bassem Naïm, alto quadro da Faixa de Gaza do movimento islamita. 

As negociações permitiram um novo documento que acrescenta à carta constitucional original de 1988, que não será abandonada.

A principal modificação é o reconhecimento do Estado da Palestina segundo as fronteiras de 1967, explicou o alto quadro anónimo do Hamas.

O texto irá enunciar claramente o objetivo de instaurar um "Estado da Palestina soberano com a capital em Jerusalém dentro das fronteiras de 1967", referiu.

O Hamas jurou destruir Israel e apresenta-se como a ponta de lança da "resistência" palestiniana à ocupação israelita. Desde 2008 combateu por três vezes Israel em Gaza. 
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