Iémen. Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos desmentem rutura

Num comunicado conjunto, os parceiros da coligação que combate desde 2015 as milícias xiitas Houthi no Iémen, desmentiram quaisquer suspeitas de afastamento, tentando por fim aos rumores de que a coligação estaria próxima do fim.

Graça Andrade Ramos - RTP /
Combatentes separatistas em cima de um carro de combate em agosto de 2019, durante confrontos com forças governamentais, no sul do Iémen Reuters

O texto, emitido pelos ministérios dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, EAU, denuncia aquilo que classifica como "campanha de difamação" e reafirma a continuação dos esforços conjuntos para levar auxílio ao povo do Iémen.

Repetiram ainda o seu apelo às negociações entre separatistas do sul e o Governo iemenita, para alcançar a pacificação e "integridade territorial" do país.

No último mês, o sul do Iémen foi abalado por uma série de confrontos militares entre forças fiéis ao Governo sunita do Presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, exilado na Arábia Saudita, e o Conselho de Transição do Sul, STC, com pretensões separatistas.

As topas do STC conquistaram no início do mês a cidade capital do sul, Aden, garantindo depois o controlo de outras posições militares na província vizinha de Abyan e de Shabwas, mais a norte.
Recuo separatista
Foram finalmente barrados em Ataq, tendo entretanto três dos seus batalhões jurado lealdade às forças governamentais, de acordo com fontes da segurança do Governo imenita.

Outras unidades separatistas recuaram e evacuaram, sem combates, outras zonas da província, ocupadas posteriormente por reforços das forças governamentais.

O Governo do Iémen recusa desde o início sentar-se à mesa das negociações em Jeddah, propostas por Riade, enquanto as tropas do CST não abandonarem todas as posições conquistadas.

Em Aden, os separatistas retiraram-se dos edifícios públicos, mas recusam abandonar as posições militares ao Governo.

Exigem, pelo contrário, o fim da presença no Governo do partido islamita Islah, principal apoiante do Presidente Hadi e próximo da Arábia Saudita. Acusam-no de se ter aliado aos Houthi num ataque no fim de julho que vitimou um dos seus comandantes.
"Preocupação"
O anúncio de unidade publicado esta segunda-feira por Riade e por Abu Dabi, assim como o recuo militar dos últimos dias, parece indicar que as forças separatistas terão levado um puxão de orelhas por parte dos EAU.

Estes foram os responsáveis dentro da coligação pelo treino e armamento das forças que agora apoiam o STC. Retiraram-se militarmente da região em junho, o que pareceu evidenciar estratégias diferentes no seio da coligação sunita, que os dois parceiros procuraram, esta segunda-feira, desmentir.

No texto, os dois Governos afirmaram estar "a seguir com grande preocupação os desenvolvimentos políticos e militares" na capital interina do Iémen, Aden, a 27 de julho de 2019, "e os acontecimentos subsequentes em Abyan e Shabwa".

"Isto sucedeu numa altura em que o Governo iemenita e as partes em conflito acolheram um cessar-fogo imediato", acolhendo o "apelo do Reino para um diálogo em Jeddah", sublinharam, .
"Integridade territorial"
Os separatistas pretendiam sentar-se igualmente á mesa das negociações e conseguir pelo menos maior autonomia na gestão dos recursos da região sul do país, independente do norte até 1990.

O comunicado desta segunda-feira parece deitar por terra estas pretensões, já que tanto a Arábia Saudita como os Emirados afirmam "procurar preservar o Iémen e a sua integridade territorial sob a liderança do Presidente legítimo", Abd Rabbo Mansour Hadi, expulso da capital do país, Sanaa, pelos Houthi, em 2015.

Os aliados sunitas reiteraram igualmente "o seu compromisso no confronto as milícias terroristas Houthi e todas as organizações terroristas no Iémen".
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