Incêndios continuam a devastar sudeste da Europa. Mês de julho foi o terceiro mais quente de sempre

por Andreia Martins - RTP
Um grande incêndio na ilha grega de Evia obrigou à retirada de residentes e turistas. Pelo menos 150 casas ficaram destruídas. Costas Baltas - Reuters

A vaga de calor que se faz sentir em países como Grécia, Turquia, Bulgária e Macedónia do Norte está a provocar vários incêndios destrutivos nos países do sul da Europa e Balcãs. Esta quinta-feira, as autoridades gregas deram ordem de evacuação de uma ilha localizada perto de Atenas e conseguiram evitar a propagação das chamas a oeste de Peloponeso, local dos Jogos Olímpicos da Antiguidade. O impacto dos incêndios faz-se sentir numa altura em que um grupo de cientistas europeus classifica o último mês de julho como um dos mais quentes desde que há registos.

Na Grécia, as temperaturas continuam a ultrapassar os 40 graus centígrados e o vento forte continua a dificultar o trabalho dos bombeiros. Ao início desta quinta-feira, contabilizavam-se mais de 150 incêndios florestais em várias zonas do país nos últimos dias.

Desde terça-feira que várias localidades foram evacuadas da ilha de Evia, perto de Atenas. Cerca de 85 pessoas foram resgatadas por cinco barcos. Pelo menos 150 casas foram destruídas só neste incêndio. 

Na quarta-feira, um incêndio na região de Peloponeso levou à evacuação de duas aldeias. As chamas chegaram a estar muito próximas do local arqueológico das Olimpíadas da Antiguidade.

De acordo com a ministra grega da Cultura, Lina Mendoni, os bombeiros conseguiram evitar, para já, que as chamas destruíssem o património após o combate às chamas durante a noite. O local continua a ser uma das atrações turísticas mais populares da Grécia e já tinha sido ameaçado por um incêndio em 2007.

“Tudo o que podia ser feito para proteger o museu e o local arqueológico, onde os Jogos Olímpicos começaram, foi feito”, afirmou a ministra na quarta-feira.

Também na Turquia, as chamas não dão tréguas aos bombeiros e esta noite as chamas aproximaram-se de uma central térmica perto da cidade de Milas, no sudoeste do país.

Recep Tayyip Erdogan admitiu na quarta-feira que a Turquia esta é a pior época de incêndios no país: “Os incêndios deste ano nunca ocorreram na nossa história. Esta é a maior vaga”, afirmou o Presidente turco numa entrevista, citada pela agência Reuters.

Com pelo menos oito mortos e mais de 167 incêndios contabilizados nas últimas duas semanas, o incêndio de Milas é o que mais preocupa nesta altura. As chamas já chegaram às portas da central e Erdogan reconheceu na quarta-feira à noite que o local corre o risco de ser totalmente destruído pelo fogo.

Os ambientalistas assumem estar preocupados com o impacto do incêndio na unidade. “Os gases nocivos podem espalhar-se para a atmosfera se o carvão queimar de forma descontrolada”, alerta o ativista Deniz Gumusel.

Também a Bulgária e a Macedónia do Norte estão a braços com grandes incêndios. Na quarta-feira, na região búlgara de Sandanski, dois silvicultores morreram e outro ficou ferido no combate a um incêndio florestal. Outros incêndios no país já destruíram pelo menos dez habitações e uma escola.

A vaga de calor que assola esta região tem dificultado o combate às chamas. Segundo o chefe dos serviços de bombeiros no país, Nikola Nikolov, 93 por cento dos incêndios tiveram origem em mão humana, mas a propagação dos mesmos foi facilitada pela seca, o calor e o vento.
Julho quente

Os relatos de incêndios em vários países da Europa chegam numa altura em que os cientistas identificam o último mês de julho como o terceiro mais quente desde que há registos.

De acordo com os peritos do Copernicus Climate Change Service da União Europeia, as temperaturas registadas em julho deste ano são apenas ultrapassadas pelos meses de julho de 2019 e 2016.

“Quando olhamos para as temperaturas globais, há oscilações de ano para ano ou mesmo de mês para mês. Mas, em última análise, o que vemos subjacente é uma tendência de aquecimento global e na maioria das regiões do mundo”, afirmou a cientista Freja Vamborg em declarações à Reuters.

Várias regiões foram afetadas por eventos climáticos extremos no último mês. Os cientistas alertam que o aquecimento global está a tornar as ondas de calor cada vez mais prováveis e graves. Com um planeta de temperaturas mais elevadas, as chuvas fortes serão também mais frequentes, alertam.

Ainda antes desta vaga de calor que agora afeta a Europa, uma onda de calor recorde nos Estados Unidos e Canadá, ainda durante o mês de junho, fez centenas de mortos e provocou vários incêndios florestais. Na China, Bélgica e Alemanha, as chuvas extremas levaram a grandes inundações que provocaram vários mortes e deixaram um rasto de destruição.

c/ agências
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