Investigação ao alegado conluio Trump-Putin pode estar mais avançada do que se pensa

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Aaron Bernstein - Reuters

George Papadopoulos, um assessor da campanha de Donald Trump para a política externa, é a clave de sol da investigação do procurador especial Robert Mueller ao alegado conluio com os russos para garantir a vitória nas últimas presidenciais norte-americanas. Papadopoulos, já se sabia, estabeleceu contactos que terão chegado ao Kremlin e disso informou através de email um supervisor da campanha. Faltava saber o nome do destinatário desses emails. Um nome vem sendo falado nos últimos dias: Stephen Miller, o que, a confirmar-se, será mais uma dor de cabeça para Trump, já que Miller integra a Administração como um dos principais assessores do Presidente.

Stephen Miller, um dos principais assessores políticos do presidente Donald Trump, começou nos últimos dias a ser falado como o elo perdido entre o “grupo russo” de George Papadopoulos e a campanha presidencial de Trump. Nos documentos da investigação do procurador especial Robert Mueller, que está a investigar o alegado conluio com o Kremlin para garantir a vitória republicana nas eleições de há um ano, surge essa ligação entre Papadopoulos e um supervisor sénior da campanha, até agora não nomeado.

A CNN revelou na passada semana que Miller já foi interrogado – e não apenas ele, mas também outros membros seniores da campanha Trump – por Robert Mueller. Também o New York Times traça uma cronologia que coloca o agora assessor político do presidente na rota dos emails de Papadopoulos quando o colaborador da campanha estava empenhado em marcar um encontro ao mais alto nível entre o Kremlin e o então candidato presidencial Donald Trump.

Papadopoulos já se deu como culpado por declarações falsas às autoridades aquando de um interrogatório do FBI em janeiro deste ano. Detido no início do Verão, está há meses a cooperar com as autoridades. A questão central tem a ver com os contactos com quadros russos quando era assessor da campanha Trump para a política externa.
"Os podres" de Hillary

Em causa estão esses contactos que manteve com personalidades russas com o fim de marcar uma reunião e estabelecer uma relação entre a Donald Trump e Vladimir Putin. O objectivo seria, no imediato, explorar “os podres” da opositora democrata Hillary Clinton de que entretanto tivera conhecimento e que existiria sob a forma de milhares de emails da candidata, uma revelação que lhe chegara praticamente de forma directa desde o Kremlin.

Apesar de esta ligação ter vindo a ser sistematicamente negada pela campanha republicana – e agora pela Casa Branca –, o facto é que em outubro de 2016, após a vitória de Donald Trump nas presidenciais, as agências de informações norte-americanas acusaram Moscovo de ter pirateado e revelado emails comprometedores para Clinton.

Seguiu-se, já em Dezembro, um pacote de sanções contra Moscovo e a ordem de expulsão de território americano de 35 agentes russos. Uma semana depois, já em 2017, as agências de informações tornaram público um relatório em que o presidente russo, Vladimir Putin, surgia como o pivot da alegada interferência nas eleições.
"Rapaz dos cafés"

Entretanto, nas últimas semanas, a equipa de Trump tem feito todos os esforços por se distanciar das iniciativas de George Papadopoulos, o que já lhe valeu o epíteto de “rapaz dos cafés”, numa tentativa de minimizar o seu contributo para os trabalhos da campanha durante as eleições presidenciais.

Certo é que o assessor manteve contacto com um grupo de cidadãos russos durante todo o tempo em que exerceu como assessor para a política externa da campanha Trump, trocando emails com um elemento sénior, próximo do candidato republicano. Esse elemento é apontado como sendo Stephen Miller, que se mantém próximo do presidente americano, agora com o cargo de assessor político na Administração Trump.

Miller será, de acordo com a CNN, o funcionário mais próximo de Trump a ter sido abordado pelos investigadores da equipa de Robert Mueller. De acordo com uma fonte ligada ao inquérito, outros colaboradores do presidente haviam já sido interrogados, negando todos eles ter conhecimento dos referidos emails.
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