Irão acusa Israel de ter assassinado um cientista iraniano a mando dos EUA

por Lusa
Reuters

O Presidente iraniano Hassan Rohani acusou hoje Israel de agir como "mercenário" para os Estados Unidos ao assassinar um cientista no programa nuclear iraniano, perto de Teerão, na sexta-feira.

"Mais uma vez, as mãos impiedosas da arrogância mundial, com o regime sionista usurpador como mercenário, estão manchadas com o sangue de um filho desta nação", denunciou Rohani numa declaração publicada no seu site oficial, referindo-se ao assassinato de Mohsen Fakhrizadeh.

O Irão usa geralmente o termo "arrogância global" para se referir aos Estados Unidos.

Rohani prometeu que a morte do cientista não iria "perturbar" o progresso científico no país, reforçando que a morte se devia à "fraqueza e incapacidade" dos inimigos de Teerão de impedir o seu desenvolvimento.

O Presidente iraniano também ofereceu as suas condolências "à comunidade científica e ao povo revolucionário do Irão".

Na sexta-feira, o chefe do Estado-Maior iraniano, general Mohammad Bagheri, alertou que "uma terrível vingança" se abaterá sobre os responsáveis pelo assassínio do cientista iraniano especializado no setor nuclear.

"Os grupos terroristas e os responsáveis e autores dessa tentativa covarde devem saber que uma terrível vingança os aguarda", escreveu Bagheri na rede social Twitter, segundo a agência estatal Irna.

Em comunicado, o Ministério da Defesa do Irão identificou o alvo do ataque como sendo Mohsen Fakhrizadeh, chefe do departamento de pesquisa e inovação daquele ministério.

Mohsen Fakhrizadeh ficou "gravemente ferido" quando o seu carro foi alvejado por vários atacantes, que por sua vez foram atacados pela equipa de segurança do cientista, pode ler-se no comunicado, em que acrescenta que a equipa médica não o conseguiu reanimar.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos indicou, em 2008, que o cientista estava a realizar "atividades e transações que contribuíam para o desenvolvimento do programa nuclear do Irão.

Fakhrizadeh tinha sido descrito pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, como o pai do programa de armas nucleares do Irão.

Fakhrizadeh liderou o chamado programa "Amad", ou "Esperança", do Irão.

Israel e o Ocidente alegaram que essa operação militar tinha como objetivo saber a viabilidade de construção de armas nucleares no Irão, mas Teerão alegou sempre que o seu programa nuclear é pacífico.

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) referiu que o programa "Amad" terminou no início dos anos 2000 e os seus inspetores monitorizam agora as instalações iranianas como parte do acordo nuclear do Irão com os cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU -- Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França -- e a Alemanha.

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