Irão. Acusações de Israel são "ridículas" e "infantis"

por RTP
O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, em janeiro de 2018. Reuters

O Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros desacreditou na rede social Twitter as mais recentes acusações de Israel sobre o programa nuclear iraniano. "Velhas alegações", refere um tweet do seu mais alto responsável, o ministro Mohammad Javad Zarif.

Já o vice-ministro para a política do mesmo ministério, Abbas Araqchi, classificou o discurso, esta noite, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, como "um espetáculo infantil e ridículo", disse a agência de notícias semi-oficial iraniana, Tasnim.

"O espetáculo planeado antes do prazo de 12 maio visa afetar a decisão de Trump sobre o acordo nuclear do Irão", cita ainda a Tasnim.

No Twitter, Javad Zarif referiu-se a Netanyahu como "o miúdo que grita lobo". "O miúdo que não consegue deixar de gritar lobo está de novo naquilo. Sem se deixar intimidar pelo fiasco dos cartoons na UNGA [a Assembleia Geral das Nações Unidas]," escreveu, ilustrando o comentário com uma foto dessa apresentação em fevereiro de 2015.

"Só se consegue enganar as pessoas algumas vezes", acrescentou.

Zarif foi um dos principais artífices do acordo assinado em 2015 entre Teerão, a Rússia, os Estados Unidos da América, a China e três países europeus.
Trump endossa denúncias
Benjamin Netanyahu acusou esta noite o Irão de ter mentido sobre o seu programa nuclear e afirmou ter provas de que Teerão, ao contrário do que sempre afirmou, tentou obter armas nucleares.

Dentro de 12 dias termina o prazo dado por Donald Trump aos aliados europeus para convencerem Teerão a aceitar emendas ao acordo.

Em conferência de imprensa na Casa Branca, Donald Trump, disse que as denúncias de  Netanyahu atestam que estava "100 por cento certo" sobre o Irão.
 
Trump considerou que o comportamento do Irão "não é uma situação aceitável" e disse que os iranianos "não estão parados", em referência a testes de mísseis.

Num segundo tweet, Zarif denunciou a coordenação entre o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu e o presidente dos EUA, Donald Trump, para desacreditar o Irão.
"O Pres.Trump está a saltar sobre a reintrodução de velhas alegações já analisadas pela IAEA para "anular" o acordo. Que conveniente. Revelação de alegadas informações coordenada com o miúdo que grita lobo dias antes do prazo de 12 de maio. Mas a impetusidade de Trump para celebrar revelaram a tramóia", escreveu o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros.
IAEA tem de analizar documentação
O primeiro-ministro israelita mostrou esta noite fotos, vídeos e documentos alegadamente obtidos a partir de arquivos altamente secretos do Irão.

Analistas referem contudo que a documentação é antiga e mesmo anterior ao acordo sobre o programa nuclear do Irão.

Netanyahu afirmou que os 55K de documentação obtida pelos serviços de informação israelitas serão disponibilizados na totalidade à Agência Internacional da Energia Atómica e aos Governos ocidentais.

A chanceler Angela Merkel já afirmou que IAEA terá de analisar imediatamente a informação disponibilizada.

Especialistas de agências de Informação e diplomatas dizem que Netanyahu não revelou nenhuma prova nova que mostre que o Irão violou os termos do acordo assinado em 2015.

Admitem contudo que a apresentação desta noite possa ter ajudado os céticos na Administração Trump que pretendem anulá-lo.
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